Em greve de fome na prisão, opositor russo é levado à enfermaria com tosse e febre
Diversos países do Ocidente, além da Corte Europeia de Direitos Humanos, pediram que a Rússia liberte Navalni, reação que Moscou disse ser uma interferência inaceitável em assuntos internos
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Mundo ALEXEI-NAVALNI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O opositor russo Alexei Navalni, 44, foi transferido nesta segunda-feira (5) para a área médica da colônia penal IK-2, onde está detido a 100 km de Moscou, após ter apresentado febre e tosse.
Em uma publicação nas redes sociais, o principal crítico do presidente Vladimir Putin disse que três pessoas de ala dele na prisão haviam sido hospitalizadas com tuberculose e ironizou que a doença poderia aliviar seus outros problemas de saúde -ele declarou greve de fome na semana passada e acusou os funcionários da prisão de lhe negar tratamento adequado para dores agudas nas costas e nas pernas.
Os advogados de Navalni o visitam regularmente e o ajudam a continuar a postar mensagens nas redes sociais. Na publicação desta segunda, ele disse que, apesar dos sintomas respiratórios, prosseguiria com a greve de fome.
Horas depois da publicação, o Izvestia, um jornal pró-Kremlin, citou uma declaração do serviço penitenciário federal dizendo que ele havia sido transferido para a enfermaria e feito vários exames, inclusive teste de detecção do coronavírus.
A mídia estatal russa e alguns membros de um grupo de monitoramento de prisões acusaram Navalni de fingir problemas médicos para se manter nos holofotes.
Seus aliados anunciaram, por sua vez, que vão organizar uma manifestação nesta terça-feira (6) em frente à colônia carcerária para exigir que ele tenha acesso a um médico de sua escolha.
Navalni foi preso ao retornar à Rússia em janeiro, após vários meses na Alemanha, onde se recuperava de um envenenamento que atribui às autoridades russas. Ele é acusado formalmente de violar os termos de sua liberdade condicional ao sair do país, ainda que a saída tenha ocorrido sob justificativa médica -ele estava em coma.
O opositor teve uma sentença de prisão por fraude comutada em 2014, em uma ação que classifica como perseguição judicial.
Embora nominalmente independente, o Judiciário russo é alinhado ao Kremlin. A Justiça do país confirmou em fevereiro a sentença do ativista. No total, ele foi condenado a três anos e meio de prisão, dos quais já cumpriu dez meses em regime domiciliar.
Diversos países do Ocidente, além da Corte Europeia de Direitos Humanos, pediram que a Rússia liberte Navalni, reação que Moscou disse ser uma interferência inaceitável em assuntos internos.
Os EUA também anunciaram sanções, que incluem o banimento de viagem ao país e o congelamento de bens no exterior de autoridades acusadas de tramar a prisão do ativista. O caso Navalni também provocou reações internas, com grandes manifestações, às quais as autoridades responderam com mais de 11 mil detenções.