Chile distribui pílulas sem efeito e pelo menos 170 mulheres engravidam
Vítimas preparam-se para entrar com um processo conjunto contra o Estado
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Mundo Chile
O Governo do Chile distribuiu, em 2020, mais de 276 mil pílulas anticoncepcionais sem efeito, para vários centros de planejamento familiar do país, o que resultou na gravidez de, pelo menos, 170 mulheres.
De acordo com a CNN, o problema, diagnosticado por profissionais de saúde, está relacionado com dois lotes da Anulette CD, fabricadas pela Silesia, uma subsidiária da empresa farmacêutica alemã, Grünenthal, com data de validade de janeiro de 2022.
Meses depois dos primeiros casos de gravidez, em agosto de 2020, os lotes em causa foram retirados do mercado pelas autoridades de saúde do Chile, contudo, muitas mulheres já tinham engravidado e muitas outras não receberam o aviso, pois o aviso foi feito apenas no Twitter.
Num país em que muitas famílias não têm internet, nem televisão, o efeito deste ‘erro’ pode ter consequências muito maiores dos que as divulgadas.
O grupo chileno de Direitos Sexuais e Reprodutivos Corporación Miles acredita que são milhares as mulheres que se julgavam protegidas e engravidaram. 170 é apenas o número das que denunciaram ser vítimas deste “defeito”.
Apesar de ter sido um erro da farmacêutica e que deveria ser assumido pelo Governo, que distribuiu as pílulas, nem a Silesia, nem o Executivo do Chile se responsabilizam pelas consequências. Por isso, num país como o Chile, em que o aborto, salvo raras exceções é proibido, a estas mulheres só resta irem para o tribunal.
À CNN, um representante da Corporación Miles revelou que já estão preparando uma ação conjunta contra o Estado, a clamar por Justiça. O grupo exige que estas mulheres sejam indenizadas e que a lei do aborto seja atualizada.
Entretanto, as autoridades de saúde do Chile já anunciaram que os fabricantes da Anulette foram multados e vão pagar cerca de 520 mil reais de multa.
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