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Estudo mostra que extrema direita do Brasil mimetiza extremistas dos EUA

De acordo com o monitoramento, 53,6% dos perfis ligados ao Brasil interagiram com conteúdos sobre fraude eleitoral, incorporando argumentos americanos ao contexto brasileiro

Estudo mostra que extrema direita do Brasil mimetiza extremistas dos EUA
Notícias ao Minuto Brasil

05:51 - 07/04/21 por Folhapress

Mundo POLÍTICA-INTERNACIONAL

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A extrema direita brasileira mantém interações constantes com seus homólogos nos EUA e chega a mimetizar parte dos discursos de extremistas americanos, principalmente em relação a supostas fraudes em eleições, mostra estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas, a partir da monitoramento de contas no Parler, o microblog que é uma espécie de Twitter da direita.

Ao contrário do Twitter, que veta certos conteúdos nocivos ou que violem os padrões da comunidade, o Parler privilegia a defesa da liberdade de expressão e não restringe nem mensagens que envolvam terrorismo. Segundo o estudo, depois dos EUA, as contas ligadas ao Brasil são as mais ativas.

De acordo com o monitoramento, 53,6% dos perfis ligados ao Brasil interagiram com conteúdos sobre fraude eleitoral, incorporando argumentos americanos ao contexto brasileiro. "Vemos a extrema direita brasileira mimetizando o discurso conspiratório da extrema direita americana, há uma integração internacional", diz o sociólogo Marco Aurélio Ruediger, coordenador da pesquisa.

Entre os perfis que tiveram maior interação com contas do Brasil estão o TeamTrump, da campanha de Donald Trump, o WarRoomPandemic, do estrategista de direita Steve Bannon, e o Himalaya Global, perfil anti-China com teorias conspiratórias sobre a origem do coronavírus.

Os perfis ligados ao Brasil também interagiram com TommyRobinson (ativista britânico de extrema direita e islamofóbico), dbongino (de Dan Bongino, radialista ultraconservador americano), e RealMarjorieGreene (da deputada republicana Marjorie Greene, apoiadora da teoria conspiratória do QAnon, segundo a qual Trump luta contra uma elite global progressista de adoradores do diabo e pedófilos).

"Os dados apontam para possível interferência ideológica de grupos extremistas de direita externos ou de países de regimes autoritários no pleito de 2022, colocando o Brasil como uma peça do jogo geopolítico de radicais antidemocráticos", diz o estudo.

Além de repercutir postagens sobre supostas fraudes na eleição americana e celebrar a invasão do Capitólio, os perfis do grupo do Brasil disseminam desconfiança sobre o processo eleitoral brasileiro e desapreço pelas instituições, com temas caros ao bolsonarismo -como críticas ao Supremo Tribunal Federal e aos governadores e tratamento precoce contra a Covid-19.

O Parler foi uma das principais plataformas usadas por apoiadores de Trump para organizar a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro, que resultou em cinco mortes. Por isso, ela foi banida das lojas de aplicativos do Google e da Apple e, posteriormente, derrubada do serviço de hospedagem da Amazon. Chegou a ficar algumas semanas fora do ar, mas voltou no início de fevereiro, em outro serviço de hospedagem.

"Essa coordenação das extremas direitas é muito preocupante, vimos o que aconteceu, a invasão do Capitólio. Precisamos estar preparados para o ano que vem, essas redes serão usadas de forma maciça para questionar a lisura do pleito e mobilizar milícias", diz Ruediger.

Para o estudo, os pesquisadores acompanharam 93,4 milhões de publicações da plataforma, entre 3 de novembro e 7 de janeiro de 2021 -o período compreende a eleição presidencial dos Estados Unidos até o dia seguinte à invasão do Capitólio.

As contas ligadas ao Brasil vão desde perfis relacionados ao governo, como o próprio presidente, deputados e senadores, até influenciadores sem ligação com a política institucional (brasileiros que postam temas sobre o país ou em português).

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