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Boris pede que França receba de volta migrantes que cruzarem Canal da Mancha

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que França e Reino Unido precisam trabalhar juntos, mas logo acrescentou que Londres tem uma má gestão da imigração

Boris pede que França receba de volta migrantes que cruzarem Canal da Mancha
Notícias ao Minuto Brasil

08:20 - 26/11/21 por Folhapress

Mundo CANAL-DA MANCHA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dia após 27 pessoas morrerem ao tentar cruzar o Canal da Mancha, no maior desastre desse tipo na região desde 2014, quando os dados começaram a ser coletados, o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, sugeriu nesta quinta-feira (25) que a França passe a receber todos os migrantes que cruzam a região.

A proposta faz parte de um pacote de cinco pontos apresentado pelo britânico para o presidente francês, Emmanuel Macron, por meio de uma carta, posteriormente divulgada no Twitter. Boris quer um acordo bilateral de readmissão para "que seja possível o regresso de todos os migrantes que cruzem o canal de maneira ilegal".

As outras propostas incluem o patrulhamento conjunto dos territórios marítimos na região e o uso de tecnologias mais avançadas. Os governos dos dois países trocaram acusações públicas ao longo desta quinta. À animosidade se somaram pedidos para que outras nações do continente ajudem a mitigar o desafio local.

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que França e Reino Unido precisam trabalhar juntos, mas logo acrescentou que Londres tem uma má gestão da imigração.

A uma rádio local afirmou que os migrantes são frequentemente atraídos pelo mercado de trabalho britânico. "É um problema internacional; dizemos aos nossos amigos belgas, alemães e britânicos que eles deveriam nos ajudar."

Boris Johnson, anteriormente, disse que Paris não está agindo o suficiente para controlar o fluxo migratório. Sobre a possibilidade de oferecer uma rota segura para os migrantes pedirem asilo, afirmou, por meio de um porta-voz, que a abordagem aumentaria os fatores de atração e "criaria um fator adicional para que gangues explorem pessoas com essas tentativas perigosas [de travessia]".

O secretário de Estado britânico para assuntos de imigração, Tom Pursglove, informou à emissora BBC que Boris reiterou ao governo francês uma proposta, já recusada por Paris, para organizar patrulhas franco-britânicas nas costas francesas, de modo a impedir que embarcações partam do local em direção ao Reino Unido.

O presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, defendeu as ações de sua gestão. Durante uma visita oficial à capital croata, Zagreb, disse que a França é apenas um país de trânsito para muitos migrantes e que uma maior cooperação da comunidade europeia é necessária para conter o fluxo de imigração ilegal. Macron não se pronunciou oficialmente sobre a proposta mais recente de Londres.

Entre as vítimas do naufrágio desta quarta (24), estão 17 homens, 7 mulheres e 3 crianças, de acordo com as informações mais recentes fornecidas por autoridades locais de Lille, cidade francesa próxima à costa.

O ministro Darmanin informou que duas pessoas sobreviveram -um iraquiano e um somali- e estavam com grave quadro de hipotermia até a noite desta quarta. Os restos da embarcação serão examinados para esclarecer as causas do naufrágio, e cinco pessoas foram detidas até o momento por suspeita de tráfico humano.

Desde o início do ano, cerca de 31,5 mil migrantes realizaram a travessia do Canal da Mancha, e ao menos 7.800 foram resgatados por agentes de segurança, de acordo com os dados locais. O fluxo não caiu nem sequer com as baixas temperaturas do fim do outono (no hemisfério Norte).

A colaboração entre França e Reino Unido na área para conter a migração histórica é regida pelo acordo de Le Touquet, assinado em 2003. O entendimento prevê que agentes de controle de imigração franceses atuem nos postos da fronteira britânica e vice-versa.

Políticos franceses ligados à ultradireita já tentaram fazer o país abandonar o acordo. Nesta quinta, o Ministério das Relações Exteriores afirmou, em comunicado, que o entendimento continuará a ser a base para o controle do fluxo na fronteira.

ONGs voltadas para a questão dos refugiados se manifestaram após a morte dos 27 migrantes, demandando mais ação dos governos. Algumas afirmam que a forma como o policiamento é feito no local coloca essas pessoas em maior risco, porque elas tendem a tentar fugir dos agentes.

Em um acampamento improvisado na cidade portuária de Dunquerque, imigrantes disseram que, apesar do incidente, continuariam tentando chegar ao Reino Unido. "O que aconteceu foi triste, e estamos assustados, mas temos que ir de barco, não há outro jeito", disse Manzar, 28, do Irã, à agência de notícias Reuters.

"Talvez seja perigoso, talvez morramos, mas é a nossa chance", acrescentou o jovem, que deixou seu país de origem há seis meses e chegou à França há 20 dias, depois de viajar a pé pela Europa.

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