Migrações: Merkel pede "posição comum" europeia
"O principal agora é ter uma posição comum sobre como proteger as fronteiras e, aí, o plano UE-Turquia oferece uma boa solução", disse Merkel
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Mundo Chanceler
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu, nesta quarta-feira (17), uma "posição comum" da União Europeia (UE) sobre a crise migratória e a proteção das fronteiras na cúpula europeia de quinta e sexta-feira.
"O principal agora é ter uma posição comum sobre como proteger as fronteiras e, aí, o plano UE-Turquia oferece uma boa solução", disse Merkel, numa coletiva de imprensa em Berlim com o presidente do Sri Lanka, Maithripala Srisena.
"Estamos habituados a que na Europa algumas coisas levem tempo" a ser aceitas e aplicadas, "mas isto justifica que nos mobilizemos (...) e tenciono fazê-lo para chegarmos a conclusões comuns" na cúpula de Bruxelas, acrescentou.
Merkel, pressionada na Alemanha para reduzir as entradas de refugiados, apoia um plano segundo o qual a Turquia fecharia as suas fronteiras para impedir os migrantes de atravessarem o Mediterrâneo com destino à Grécia e os enviaria por avião para recolocação na UE com base num sistema de cotas. A maioria dos países europeus tem mostrado reservas a um tal esquema.
A França, principal aliada da Alemanha na Europa, opôs-se ao plano com o primeiro-ministro, Manuel Valls, considerando que um mecanismo permanente de recolocação "não é sustentável a prazo". Já a Áustria, que no final de 2015 agiu em parceria com a Alemanha, endureceu entretanto a sua política, limitando o número de refugiados admitidos e introduzindo controles generalizados nas suas fronteiras com Itália, Eslovênia e Hungria.
E o Grupo de Visegrado -- Polônia, República Checa, Eslováquia e Hungria -- contestou abertamente a proposta de Merkel, considerando que o plano a ser adotado deve passar por ajudar a Macedônia e a Bulgária a fecharem as suas fronteiras com a Grécia e por excluir este país do espaço europeu de livre circulação Schengen.
Merkel advertiu hoje para os riscos que isso representaria, questionando: "Vamos abandonar e fechar as fronteiras gregas, macedônia e búlgaras, com todas as consequências que isso terá para a Grécia, para a UE no seu conjunto e para o espaço Schengen?".
A chanceler alemã, há uma década no poder, viu cair significativamente o elevado apoio interno de que tem gozado devido à sua política migratória, depois de 1,1 milhões de refugiados terem entrado na Alemanha em 2015.
A chanceler também tem ficado crescentemente isolada a UE, onde o plano para recolocar 160.000 candidatos a asilo aprovado em setembro só permitiu até agora transferir poucas centenas de migrantes para países europeus.
"A questão das cotas não é atualmente uma prioridade" para a UE, uma vez que houve acordo quanto ao número de 160.000 refugiados e quanto à forma de os distribuir, admitiu Merkel. "Vamos falar no próximo Conselho Europeu sobre como podemos trabalhar juntos para proteger a fronteira externa e quero que trabalhemos na agenda UE-Turquia que os 28 membros adotaram", disse a chanceler alemã.