Ucrânia recusa rendição de Mariupol, e Rússia acusa má vontade em negociação para fim da guerra
Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, disse a jornalistas nesta segunda que um progresso substancial no acordo entre os dois países é uma condição para que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, reúnam-se para negociar um possível fim do conflito.
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia não tiveram nenhum avanço significativo, disse o Kremlin nesta segunda-feira (21), o 25º dia do conflito. Moscou acusa o outro lado de criar obstáculos ao diálogo ao fazer propostas inaceitáveis. Kiev, por sua vez, diz que segue disposta a negociar, mas não a se render ou a aceitar ultimatos dos russos.
Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, disse a jornalistas nesta segunda que um progresso substancial no acordo entre os dois países é uma condição para que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, reúnam-se para negociar um possível fim do conflito.
"Para falarmos de uma reunião entre os dois presidentes, é preciso fazer o dever de casa. As conversas precisam ser realizadas e seus resultados, acordados", disse Peskov. "Não houve nenhum progresso significativo até agora."
O porta-voz também reiterou seus argumentos de que a Rússia está mostrando mais disposição do que a Ucrânia a favor do diálogo e pediu à comunidade internacional que use sua influência sobre Kiev para torná-la mais construtiva nas negociações.
Mais cedo, porém, militares russos ordenaram que os ucranianos em Mariupol se rendessem, dizendo que aqueles que o fizessem teriam permissão para sair por corredores humanitários. A localização da cidade é estratégica para os interesses de Moscou, uma vez que, se tomada, poderia se tornar uma ponte entre a Crimeia -anexada pela Rússia em 2014- e os territórios separatistas no leste da Ucrânia.
"É claro que rejeitamos essas propostas", disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereschuk, acrescentando que a situação de Mariupol é "muito difícil". A cidade portuária, que tinha pouco mais de 400 mil habitantes antes da guerra, está sob cerco e bombardeios, além de sem fornecimento de comida, energia elétrica, água potável e medicamentos.
Segundo Vereschuk, chegou-se a um acordo com a Rússia para a criação de oito corredores humanitários para a retirada de civis de cidades sitiadas, mas Mariupol não foi incluída nos planos.
Embora a ofensiva russa não tenha tomado grandes cidades ucranianas nem a capital, Kiev, os disparos de bombas e mísseis seguem causando devastação em áreas residenciais. A Rússia nega que esteja fazendo civis de alvos.
Em Podil, distrito de Kiev, um bombardeio russo matou ao menos oito pessoas na noite de domingo (20), segundo o procurador-geral da Ucrânia, Vitali Klitschko. Em seu canal no Telegram, ele disse que equipes de resgate estavam apagando um grande incêndio em um shopping atingido pelos ataques. Agências de notícias não conseguiram verificar as acusações de maneira independente.
O Ministério da Defesa da Rússia não se pronunciou sobre o suposto ataque a Podil, mas disse que sua Força Aérea atingiu com mísseis de cruzeiro uma instalação militar do Exército da Ucrânia em Rivne, nos arredores de Kiev.
Líderes da União Europeia também iniciaram, nesta segunda, conversas sobre uma possível quinta rodada de duras sanções contra a Rússia. Enquanto o ministro das Finanças francês disse que o presidente Emmanuel Macron não descarta a opção de parar de importar gás e petróleo russos, o premiê da Holanda, Mark Rutte, destacou que Putin precisa ser parado mas que os países da UE ainda são amplamente dependentes da Rússia para seu fornecimento de energia e não podem simplesmente se "desligar".