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Otan deveria ter nos tratado como fez com Suécia e Finlândia, diz Zelenski

O líder afirmou ainda que um dos maiores desafios que o país enfrenta atualmente é o cansaço do Ocidente em relação ao conflito.

Otan deveria ter nos tratado como fez com Suécia e Finlândia, diz Zelenski
Notícias ao Minuto Brasil

12:30 - 25/07/22 por Folhapress

Mundo VOLODIMIR-ZELENSKI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, expressou frustração com líderes europeus e reclamou da falta de apoio mais incisivo da Otan a Kiev durante a guerra contra a Rússia. O líder afirmou ainda que um dos maiores desafios que o país enfrenta atualmente é o cansaço do Ocidente em relação ao conflito.

"Lamento que a Otan não tenha nos ouvido. A Otan deveria ter nos defendido, deveria ter nos tratado do mesmo jeito que trata a Suécia e a Finlândia", disse Zelenski em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, transmitida neste domingo (24).

Suécia e a Finlândia ignoraram décadas de neutralidade e solicitaram a adesão à Otan, a aliança militar liderada pelos Estados Unidos. No início do mês, a organização assinou protocolo para que as nações nórdicas se juntem assim que todos os Parlamentos dos países-membros ratificarem a decisão.

Zelenski afirmou que a Ucrânia, desde antes da guerra, se esforça para resolver os conflitos diplomaticamente, mas considera que líderes europeus foram enganados por Moscou, que invadiu o país vizinho sob o pretexto de que se sentia ameaçado pela expansão da Otan para perto de suas fronteiras.

"Eu venho tentando há três anos, através da diplomacia, encontrar uma maneira de negociar e chegar a um entendimento com a Federação Russa. Com ajuda de dezenas de líderes da Europa e do mundo, eu propus diversos encontros com o presidente [Vladimir] Putin, para encontrar soluções para essa questão [Otan]", afirmou Zelenski. "Um dia, depois de convencerem todos os líderes europeus que eles [Rússia] nunca iriam invadir a Ucrânia, simplesmente fizeram isso."

Atualmente, um dos maiores problemas enfrentados por Kiev na guerra é o cansaço do Ocidente, segundo o presidente ucraniano. Ele afirmou, porém, compreender a situação. "Todos os países têm seus temas internos. Mas é importante para a gente que as pessoas não se cansem", disse.

Ao ser questionado sobre o que foi mais difícil no conflito até agora, o presidente lembrou as vítimas civis e famílias que perderam crianças. "A esperança é de que as mortes não tenham sido em vão".

Ao falar sobre o dia a dia na guerra, o líder ucraniano afirmou que os últimos cinco meses se parecem como um dia só. Zelenski permaneceu em território ucraniano durante todo o conflito, que completou cinco meses neste domingo, e afirmou que sua família, assim como todas as outras, sente medo.

"Eles estão próximos e há alguns momentos doces com meus filhos. Eles são fortes, muito fortes. Eles vivem na Ucrânia, amam a Ucrânia e, é claro que sentem medo, como todas as crianças. Mas eu acho que eles sabem que o que estamos fazendo é muito importante", afirmou.

Mesmo diante da iminente invasão russa nos dias que antecederam o conflito, Zelenski afirmou que buscou acalmar a população. "Não tem como se preparar para este tipo de coisa. Entendem? Não tem como ficar pronto para as ameaças de um país que tem armas nucleares. [...] Será que vocês imaginariam que algum Estado nuclear poderia começar a atirar em civis na Ucrânia?".

Zelenski disse ainda que não há grupos extremistas no país. Ao invadir a Ucrânia, Putin apresentou como justificativa a necessidade de desmilitarizar e "desnazificar" o país que integrou a União Soviética –analistas refutam a tese de um Estado nazista em Kiev.

Segundo ele, o fim da guerra só vai acontecer quando a Rússia decidir deixar o país, e as negociações serão retomadas quando o outro lado quiser acabar com o conflito. "Eu acho que a Rússia vai se arrepender depois, historicamente, sobre tudo o que eles fizeram conosco. E ninguém vai perdoá-los".

Na semana passada, em outro trecho da entrevista exibido pela TV Globo, Zelenski criticou a postura de neutralidade que o presidente Jair Bolsonaro (PL) vem defendendo em declarações desde o início da guerra no Leste Europeu.

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