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EUA querem transformar mar do Sul da China em arena de combate, diz Pequim

O apelo foi feito em uma mensagem gravada pelo chanceler chinês, Wang Yi, e enviada aos dez países-membros da Asean (sigla inglesa para Associação de Nações do Sudeste Asiático).

EUA querem transformar mar do Sul da China em arena de combate, diz Pequim
Notícias ao Minuto Brasil

19:10 - 25/07/22 por Folhapress

Mundo EUA-CHINA

IGOR GIELOW  (FOLHAPRESS) - Pequim acusou Washington e outras potências ocidentais de estarem transformando o disputado mar do Sul da China em uma "arena de combate" e "campo de caça", e pediu para que nações da região ajudem a repelir a interferência estrangeira.

O apelo foi feito em uma mensagem gravada pelo chanceler chinês, Wang Yi, e enviada aos dez países-membros da Asean (sigla inglesa para Associação de Nações do Sudeste Asiático). Ela marcou os 20 anos de assinatura de um tratado entre o clube e Pequim para tentar normalizar as relações na área marítima que a ditadura comunista vê como quintal estratégico.

Wang evitou nominar os EUA, dizendo que "algumas potências externas estão deliberadamente expandindo conflitos e provocando tensões, colocando em risco os direitos legítimos e e interesses dos países costeiros e a ordem normal no mar".

"A China e a Asean devem ser deixar sua posição clara: se você veio em paz e cooperação, nós o recebemos; se você veio para disrupção e destruição, por favor vá embora", completou, segundo a mídia chinesa.

As disputas sobre o mar do Sul da China estão no centro da Guerra Fria 2.0 lançada pelos EUA para tentar conter a assertividade chinesa na Ásia-Pacífico, em 2017. Desde então, multiplicaram-se as chamadas operações de liberdade de navegação, segundo as quais navios de guerra ocidentais usam rotas na regiao que Pequim considera suas.

Desde 2014, os chineses militarizaram pequenos atóis e ilhotas no mar, alegando assim posse e consequente direitos a águas territoriais. Dois anos depois, uma queixa das Filipinas foi aceita num tribunal marítimo das Nações Unidas negando tal reivindicação, mas Pequim não reconhece a decisão.

Já à luz da Guerra da Ucrânia, a Otan, a aliança militar ocidental, colocou a China pela primeira vez no centro de suas preocupações ao divulgar seu novo Conceito Estratégico para a próxima década.

Desde 2017, a aliança tem enviado navios para o mar do Sul da China em apoio à posição americana –o Reino Unido é o mais vocal desses aliados, tendo inclusive navegado seu novo porta-aviões por lá no ano passado. No começo deste mês houve o incidente mais recente, com um destróier americano passando perto de ilhas chinesas três vezes numa semana.

Pequim e Washington trocam acusações periódicas acerca do status internacional das águas da região. Mas o apelo chinês terá dificuldade de ser ouvido por metade dos membros da Asean: Filipinas, Malásia, Brunei, Indonésia e Vietnã têm disputas com os chineses sobre trechos da região, particularmente áreas ricas de pesca e de extração de petróleo.

A importância do mar do Sul da China é enorme para Pequim: cerca de 80% do petróleo e gás que consome passam por rotas marítimas da região, assim como a maior parte de suas importações e exportações. Perder controle sobre ele é arriscar o estrangulamento econômico.

Por isso movimentos como o acordo militar dos EUA com Austrália e Reino Unido, que visa reforçar a posição naval de Camberra com submarinos de propulsão nuclear no flanco sul chinês é denunciado por Pequim como inaceitável, por exemplo.

No outro ponto ultrassensível dos mares da região, o estreito de Taiwan, a tensão segue entre a ilha autonôma e a China continental, que a considera sua e trabalha por uma absorção que pode vir à força.

Nesta segunda, foi iniciada a maior simulação anual de uma invasão chinesa, o exercício militar Han Kuang, que envolve um alto grau de realismo, como uso de munição real no mar. Dezenas de caças F-16V decolaram em interceptações simuladas, uma versão ampliada do que já fazem todas as semanas contra incursões de aviões chineses, que testam crescentemente o estado de alerta das defesas locais.

Na terça (26), a presidente Tsai Ing-wen irá supervisionar a ação ao vivo, a bordo do destróier Keeling, que comanda outros 20 navios na região nordeste da ilha. Os exercícios coincidem com a simulação de ataque aéreo Wan An, também anual. A coisa é levada tão a sério se alguém for pego fora de abrigos enquanto as sirenes estiverem ativas podem pagar multas de até R$ 25 mil.

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