Avião dos EUA sobrevoa estreito de Taiwan e gera nova irritação da China
O Pentágono não se pronunciou sobre o caso, embora tenha enviado com certa frequência navios e aeronaves de guerra ao perímetro em tempos recentes.
© Shutterstock- imagem ilustrativa
Mundo EUA-CHINA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em mais um capítulo da escalada de tensões com os Estados Unidos, a China os acusou de ameaçar a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan depois que um avião militar americano sobrevoou a área nesta segunda-feira (27).
A faixa d'água que liga a ilha à China continental tem sido um alvo frequente de disputas. Enquanto Taipé e Washington afirmam que trata-se de águas internacionais, Pequim diz que tem "soberania, direitos soberanos e jurisdição" sobre o estreito -mesmo argumento do regime em relação a todo o território de Taiwan, segundo o gigante asiático uma província rebelde e parte inalienável de seu território.
"As ações por parte dos EUA interferem deliberadamente e desestabilizam a situação regional", disse o Exército chinês sobre o episódio, acrescentando que suas forças seguem em alerta máximo.
O Ministério da Defesa de Taiwan, por sua vez, afirmou que também rastreou a aeronave de patrulha marítima e reconhecimento. Segundo o órgão, que não deu mais detalhes, um veículo de modelo P-8A Poseidon passou pelo estreito em direção ao sul.
Já o Pentágono não se pronunciou sobre o caso, embora tenha enviado com certa frequência navios e aeronaves de guerra ao perímetro em tempos recentes.
Como a maior parte da comunidade internacional, Washington não mantêm laços diplomáticos formais com Taipé. A ilha viveu sob influência chinesa até 1949, quando os nacionalistas derrotados pelos comunistas durante a guerra civil no país fugiram para o território e ali forjaram um governo capitalista.
Ainda assim, os americanos continuam sendo o maior aliado estrangeiro de Taiwan, além de seu principal fornecedor de armas. As duas administrações vêm se aproximando nos últimos três anos, período em que o regime chinês passou a pressionar a ilha para aceitar o domínio do continente sobre o seu território.
A visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara e mais alta autoridade do país a viajar à ilha em 25 anos, em agosto passado, só aumentou ainda mais essa pressão, levando a ditadura a manter atividades militares quase diárias ao redor da ilha.
Embora Taiwan seja um dos maiores pontos de discórdia entre os EUA e a China, ele certamente não é o único. Entre os muitos temas que levaram as disputas entre as duas potências globais a um clímax nas últimas semanas -uma lista que vai de acusações acerca da participação chinesa na Guerra da Ucrânia à chamada crise dos balões–, está a expansão militar de Washington no Sudeste Asiático, com a aproximação dos americanos de nações como Japão e Coreia do Sul, além de outras do Indo-Pacífico.
O Japão, por exemplo, rompeu com a tradição pacifista que mantinha desde a Segunda Guerra Mundial ao anunciar, no fim do ano passado, um reforço histórico em seu orçamento militar. Designando a China como seu "maior desafio estratégico" na área de segurança, ele estabeleceu como meta dobrar as verbas reservadas ao setor para 2% do PIB até 2027.
Nesta segunda, o primeiro-ministro, Fumio Kishida, afirmou que seu governo comprará 400 mísseis de cruzeiro Tomahawk dos EUA -dias atrás, o ministério da Defesa do país asiático havia informado que tinha reservado US$ 1,5 bilhão para a compra de mísseis no próximo ano fiscal.