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EUA e Filipinas realizam maiores exercícios militares conjuntos dos países

Os exercícios chamaram a atenção pela dimensão e também devido ao "timing" e ao formato

EUA e Filipinas realizam maiores exercícios militares conjuntos dos países
Notícias ao Minuto Brasil

20:00 - 11/04/23 por Folhapress

Mundo Armas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - EUA e Filipinas iniciaram nesta terça-feira (11) os maiores exercícios militares conjuntos da história dos dois países, no Mar do Sul da China, apenas um dia após Pequim encerrar uma sequência de três dias de treinamentos que simularam um bloqueio aéreo à ilha de Taiwan.

Apelidada de Balikatan -"ombro a ombro", em filipino-, a manobra conjunta seguirá até o próximo dia 28 e ocorre anualmente. Esta, que é a 38ª edição, porém, contará com número recorde de membros das Forças Armadas americanas e filipinas: 17.600 soldados.

Os exercícios chamaram a atenção pela dimensão e também devido ao "timing" e ao formato. As manobras vão incluir um teste de fogo real com o naufrágio de um navio obsoleto da marinha filipina e ocorrem em meio à escalada da tensão na região, em especial com o avanço chinês.

O porta-voz da chancelaria do regime de Xi Jinping, Wang Wenbin, disse que a cooperação militar entre Washington e o arquipélago do Sudeste Asiático não pode interferir nas disputas no Mar do Sul da China, "muito menos prejudicar a soberania territorial, direitos e interesses de segurança da China".
O Balikatan cristaliza o movimento de aproximação de Manila e Washington incentivado pelo presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr. -ou Bongbong, como é conhecido-, filho do ex-ditador de mesmo nome. Ele assumiu o poder em 2022 e tem tentado ampliar a política externa de seu país, afastando-se de Pequim.

Também neste ano, o governo de Bongbong aumentou o número de bases militares filipinas nas quais os EUA podem operar, concedendo a Washington mais quatro locais além dos cinco já existentes. Ao comentar a manobra conjunta nesta terça, o presidente buscou afastar temores, dizendo que a medida tem como objetivo apenas reforçar a capacidade de defender seu território. "Não permitiremos que nossas bases militares sejam usadas para ações ofensivas", disse ele pouco antes do início dos exercícios.

Ocorre que três das novas bases cedidas aos americanos ficam perto de Taiwan, ponto sensível na região, uma vez que a China a considera uma província rebelde que tem de ser reagrupada a seu território.

Com base nesse discurso foram realizadas as recentes manobras de Pequim em torno da ilha, que na prática é independente. Os exercícios em tese foram encerrados nesta segunda (10), mas nesta terça Taiwan afirmou que ainda há nove navios de guerra chineses e 26 aeronaves ao redor de seu território.

Questionado durante entrevista coletiva, o porta-voz da chancelaria chinesa Wang Wenbin deu a resposta costumeira: "Deixamos clara a posição da China. Permita-me enfatizar: a China está pronta para tomar medidas resolutas para salvaguardar sua soberania. Taiwan é uma parte inalienável do território chinês".

Para o general filipino Andres C. Centino, na cerimônia de abertura dos exercícios, a operação deste ano é oportuna, "porque vamos acelerar o aprimoramento das nossas capacidades de segurança marítima em nossos domínios, assim como a capacidade de usar equipamentos novos e sistemas recém-adquiridos."

O maior contingente de militares vem dos EUA -12 mil. Do lado filipino, participam 5.000 soldados, de acordo com o porta-voz militar do arquipélago, Medel Aguilar. Participam ainda cerca de 111 membros da força de defesa da Austrália e observadores de ao menos 12 países.

Na mídia estatal chinesa, o destaque se voltou aos protestos -pouco encorpados, mas presentes, de filipinos contra a presença americana. No Global Times, espécie de porta-voz do Partido Comunista: "Maiores exercícios militares de todos os tempos EUA-Filipinas enfrentam protestos e críticas ferozes".

Filipinos protestaram perto da sede das Forças Armadas, na cidade de Quezon, com cartazes com frases como "EUA traficantes de armas", "EUA imperialistas", "não aos jogos armados dos EUA nas Filipinas".

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