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Empresa dona de submersível desaparecido foi alertada sobre potencial 'catástrofe' em missões

A excursão era feita em um submersível dirigido por um aparelho que lembra um controle de videogame

Empresa dona de submersível desaparecido foi alertada sobre potencial 'catástrofe' em missões
Notícias ao Minuto Brasil

05:10 - 21/06/23 por Folhapress

Mundo SUBMARINO-DESAPARECIMENTO

(FOLHAPRESS) - A empresa cujo submersível desapareceu durante uma expedição para ver os destroços do Titanic foi alertada sobre a insegurança de seu maquinário, mas discordou das críticas –por ser uma inovação, justificou a companhia, o empreendimento não atenderia aos padrões atuais de certificação.

O presidente da OceanGate, Stockton Rush, está entre os turistas a bordo do veículo desaparecido desde o último domingo (18), na costa do Canadá. A viagem era a quinta missão da "Expedição Titanic" em 2023 –uma tentativa de aumentar o acesso do público ao oceano profundo, de acordo com o site da companhia.

A excursão era feita em um submersível dirigido por um aparelho que lembra um controle de videogame. "Adotamos uma abordagem completamente nova. Tudo é executado com este controle e telas sensíveis ao toque", diz Rush em um vídeo de apresentação da máquina.

Nesta terça-feira, porém, vieram a público informações que mostram que a empresa ignorou alertas sobre os potenciais riscos. Em carta de 2018 endereçada ao presidente da OceanGate, o comitê de veículos subaquáticos da Sociedade de Tecnologia Marítima, grupo que reúne líderes da indústria de embarcações submersíveis, alertou para possíveis consequências "catastróficas" em decorrência da abordagem experimental da empresa.

O texto, assinado por mais de 30 profissionais do setor que demonstraram "preocupação unânime" com o desenvolvimento do submersível, afirma que o marketing da empresa havia sido enganoso. Segundo a carta, a OceanGate disse na época do lançamento que o veículo atenderia ou até excederia os requisitos de proteção da agência de segurança responsável –ao mesmo tempo em que não parecia disposta a conseguir a certificação.

"Quando a OceanGate foi fundada, seu objetivo era buscar o mais alto nível de inovação no projeto e na operação de submersíveis tripulados. Por definição, a inovação está fora de um sistema já aceito", afirmou a companhia em uma publicação intitulada "Por que o Titan não é certificado?". No texto, a empresa afirma também que, por si só, a certificação não é garantia de segurança e que contaria com órgãos de controle internos.

"Levar uma entidade externa a par de todas as inovações antes de colocá-las em testes no mundo real é um anátema para a inovação", diz a publicação, antes de citar empresas nas quais se inspiraria. "Por exemplo, Space X, Blue Origin e Virgin Galactic contam com especialistas internos experientes para supervisionar as operações diárias e fazer testes e validações, em vez de trazer pessoas de fora que precisam primeiro ser educadas antes de serem qualificadas para 'validar' quaisquer inovações."

Internamente, porém, a empresa também parece ter recebido avisos. De acordo com a revista americana The New Republic, que acessou documentos da Justiça sobre o caso, um funcionário da companhia foi demitido após dizer que o submersível não seria capaz de descer a profundidades extremas.

Além de Rush, estão no veículo o bilionário britânico Hamish Harding (fundador e CEO da empresa Action Aviation), o empresário paquistanês Shahzada Dawood (vice-presidente do conglomerado Engro) e seu filho Suleman e o francês Paul-Henry Nargeolet (mergulhador especialista no naufrágio).

Aviões dos EUA e do Canadá equipados com sonar capaz de detectar submarinos foram mobilizados para o resgate, e o Instituto Oceanográfico francês informou nesta terça que enviaria um robô para auxiliar nos trabalhos. No início da tarde, o submersível tinha cerca de 40 horas de ar respirável, segundo Jamie Frederick, da Guarda Costeira dos EUA.

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