Quem é a enfermeira culpada por matar sete bebês em hospital britânico
Em tribunal, ficou provado que Lucy Letby injetou deliberadamente ar em alguns bebês, outros alimentou à força e dois envenenou com insulina. Conheça aqui a história de vida desta mulher.
© Polícia de Cheshire
Mundo Inglaterra
Lucy Letby foi considerada culpada, esta sexta-feira (18), de assassinar sete bebês e de tentar matar outros seis no Hospital Condessa de Chester, no Reino Unido, onde trabalhou entre 2015 e 2016. Mas quem é, então, esta mulher, que está sendo alvo de ampla atenção midiática em território britânico?
Trata-se de uma enfermeira de nacionalidade britânica, de 33 anos. Segundo o The Guardian, Lucy vivia sozinha numa casa geminada na cidade catedral de Chester, no noroeste de Inglaterra, numa rua tranquila. Os seus vizinhos eram aposentados ou casais com filhos.
Eles relatam que raramente viam a mulher, que tinha se mudado para esta habitação em março de 2016. Isto porque, primeiramente, ela trabalhava a noite, tendo depois passado a trabalhar de dia, saindo de casa antes do amanhecer e só regressando tarde.
Os seus pais, John e Susan Letby, que viviam algumas horas a sul, em Hereford, tinham ajudado a jovem a comprar a elegante casa de três quartos, no valor de 179 mil libras. Ficava a um quilômetro e meio do hospital Countess of Chester, onde ela trabalhava, e das instalações (em más condições) onde costumavam habitar os funcionários - onde tinha vivido até então.
Mantinha cuidadosamente um diário, onde anotava os turnos de trabalho a tinta azul e os compromissos sociais a cor-de-rosa, assinalando os itens que tinha "concluído", incluindo a entrega de uma máquina de lavar roupa. Ia ainda a academia, frequentava aulas de salsa na maioria das semanas e tinha uma vida social "bastante ativa", argumentou aos jurados, ainda que a sua vida parecesse centrar-se essencialmente em torno do trabalho.
Até porque se oferecia frequentemente como voluntária para fazer horas extras e trabalhava regularmente aos fins-de-semana. Era também discretamente popular entre alguns dos seus colegas enfermeiros, dois dos quais considerava como melhores amigos. Era a sua própria "pequena família", dizia ela.
Uma vez, foi escolhida para ser o rosto de uma campanha de angariação de fundos do Conselho de Enfermagem e Obstetrícia e apareceu, até, num cartaz. Surgiu várias vezes no jorntal Chester Standard como parte do apoio do jornal ao apelo 'Babygrow', com o objetivo de angariar três milhões de libras para construir uma nova unidade neonatal no hospital.
Lucy era filha única e a 'menina adorada' dos pais, até por ter sido a primeira da família a ir para a universidade. Mas os colegas não a consideravam como particularmente excecional no seu trabalho. "Não se destacava como uma enfermeira particularmente má, não se destacava como uma enfermeira particularmente boa, não se destacava em nada", revelou um colega sênior.
Em tribunal, o procurador, Nicholas Johnson KC, descreveu-a como se tratando de uma assassina "fria, calculista, cruel e implacável".
Já Nicola Evans, detetive que passou seis anos a analisando o percurso de Letby como parte da investigação policial, descreveu-a numa palavra: "Bege". E elaborou: "Não há nada de extraordinário ou ultrajante que tenhamos descoberto sobre ela como pessoa".
Nas palavras da investigadora, Lucy tratava-se de uma "enfermeira normal". "Era o que se poderia dizer de uma jovem normal de vinte e poucos anos. Mas havia claramente outro lado dela que ninguém viu e que desvendamos durante esta investigação".
Sobre os motivos que a teriam levado a tornar-se uma assassina de bebês, a mesma fonte apontou: "Isto é completamente sem precedentes, pois não parece haver nada a dizer... que [explique] porque é que ela cometeu estes crimes".
Entre as vítimas de Lucy Letby estavam dois irmãos trigêmeos, que foram assinados com menos de 24 horas de intervalo, assim como um recém-nascido com menos de 1 kg e uma menina nascida 10 semanas antes do previsto, esta acabando por morrer à quarta tentativa.
Em tribunal ficou provado que Lucy Letby injetou deliberadamente ar em alguns bebês, outros alimentou à força e dois envenenou com insulina. Foi considerada pela BBC "a maior prolífica assassina de crianças do Reino Unido dos tempos modernos".
A enfermeira era ainda acusada de tentar matar outros quatro bebês, mas foi absolvida nesses casos.
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