Filha de Kim Jong-un é chamada de 'grande guia' por mídia estatal da Coreia do Norte
Embora nunca tenha sido nomeada pela mídia de Pyongyang, a norte-coreana é identificada pela inteligência da Coreia do Sul como Ju-ae. Apresentá-la dessa forma é algo inédito, segundo analistas. "É a primeira expressão que a eleva ao cargo de líder", indicou à AFP Yang Moo-jin, reitor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.
© KCNA via REUTERS
Mundo COREIA DO NORTE-GOVERNO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A mídia estatal da Coreia do Norte se referiu à filha adolescente do ditador Kim Jong-un como "grande guia" neste sábado (16), termo que indica um possível estatuto de sucessora à frente do regime, segundo analistas.
As reportagens da Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA, na sigla em inglês) falam sobre uma visita de Kim e sua filha a um complexo agrícola. "Os grandes guias, juntamente com comandantes do Partido, do governo e do exército, visitaram a fazenda", afirma a versão inglesa do artigo.
Embora nunca tenha sido nomeada pela mídia de Pyongyang, a norte-coreana é identificada pela inteligência da Coreia do Sul como Ju-ae. Apresentá-la dessa forma é algo inédito, segundo analistas. "É a primeira expressão que a eleva ao cargo de líder", indicou à AFP Yang Moo-jin, reitor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.
O termo coreano "hyangdo", que significa guia, geralmente é reservado para "altos dirigentes ou sucessores" do regime comunista, acrescentou Cheong Seong-chang, especialista do Instituto Sejong. "Esse nível de adoração pessoal a Kim Ju-ae aponta fortemente para que ela suceda Kim Jong-un como próxima líder da Coreia do Norte", afirmou o pesquisador.
Kim é neto do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, e assumiu a liderança do país após a morte de seu pai, Kim Jong-il, em 2011. Em caso de sucessão, sua filha seria a quarta da dinastia Kim a liderar o país. O atual ditador se casou com sua esposa, Ri Sol-ju, em 2009, de acordo com a agência de espionagem de Seul.
Ju-ae foi apresentada ao mundo pela primeira vez apenas em 2022, quando os meios de comunicação oficiais norte-coreanos acompanharam ela e seu pai no ensaio de um míssil balístico intercontinental. Desde então, a coreana foi vista em muitos dos compromissos oficiais de seu pai, como exercícios militares ou visitas a fábricas de armamento.
Antes disso, a única confirmação de sua existência veio do ex-jogador da NBA Dennis Rodman, que disse ter conhecido uma filha de Kim chamada Ju-ae durante uma visita à Coreia do Norte em 2013.
Inicialmente, Seul sustentava que Kim e sua mulher tiveram seu primeiro filho, um menino, em 2010, e que Ju-ae havia nascido posteriormente. No ano passado, porém, o Ministério da Unificação de Seul disse que o governo era "incapaz de confirmar com toda a certeza" a existência de um filho homem do ditador.
Também neste sábado, a mídia estatal informou que o líder andou publicamente em um carro presenteado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. O aceno acontece no mesmo fim de semana em que a nação aliada da Coreia do Norte vai às urnas para reeleger o líder russo pela quarta vez.
Pyongyang e Moscou têm estreitado laços desde setembro, quando Kim se encontrou com Putin na Rússia e prometeu aprofundar laços militares entre os dois países. Eles negam as acusações do Ocidente de que a Coreia do Norte está fornecendo à Rússia projéteis de artilharia e mísseis usados na Guerra da Ucrânia.
O passeio de Kim na limusine russa Aurus, que ocorreu na sexta-feira (15) é "prova clara da amizade entre a Coreia do Norte e a Rússia, que está se desenvolvendo de forma abrangente em um novo patamar", disse a irmã do líder, Kim Yo-jong, segundo a mídia estatal.
No mesmo dia, o ditador supervisionou exercícios de guerra e pediu uma preparação "realista" para o combate, segundo a KCNA. "Apenas treinamento realista diretamente relacionado à guerra pode preparar soldados como combatentes reais", disse Kim, de acordo com a agência.
Exercícios conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, que terminaram esta semana, foram os primeiros desde novembro, quando Pyongyang cancelou um pacto militar intercoreano de 2018 que tentava desescalar as tensões.
Leia Também: Boeing pede que aéreas verifiquem assentos dos pilotos envolvidos em incidente da Latam