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Texas concede perdão a homem que matou manifestante antirracista

O caso ocorreu em 25 de julho de 2020, durante uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos EUA desencadeada pelo assassinato de George Floyd, em Minneapolis, em maio daquele ano. No caso do Texas, tanto Perry quanto Foster são homens brancos

Texas concede perdão a homem que matou manifestante antirracista
Notícias ao Minuto Brasil

22:30 - 19/05/24 por Folhapress

Mundo EUA-TEXAS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador do Texas, o republicano Greg Abbott, concedeu perdão nesta quinta-feira (16) ao militar e motorista de aplicativo Daniel Perry, que havia sido condenado a 25 anos de prisão pela morte de um homem durante uma manifestação em 2020 organizada pelo movimento Black Lives Matter.

Perry foi condenado no ano passado após promotores exibirem comentários racistas publicados por ele na internet. O caso teve repercussão em todo os Estados Unidos e virou assunto de debates sobre o Black Lives Matter e sobre os direitos à autodefesa de portadores de armas de fogo.

Conservadores como o ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson argumentaram que Perry precisou se defender. Durante o julgamento, os advogados do militar argumentaram que Garrett Foster, ex-mecânico de aeronaves da Força Aérea, portava um fuzil e que havia erguido a arma antes de ser baleado.

Os promotores rebateram dizendo que Perry, à época do crime motorista, investiu contra a multidão com seu veículo, o que desencadeou um tumulto. Também destacaram seu histórico de manifestações agressivas contra ativistas antirracistas na internet para embasar a acusação de intolerância.

Os advogados de defesa também apresentaram o testemunho de um psiquiatra segundo o qual o sargento tinha autismo e sofria de transtorno de estresse pós-traumático. Soldados negros que serviram com ele ainda o descreveram como confiável e que nunca havia manifestado tendências racistas.

Já no dia seguinte ao anúncio do veredicto, o governador do Texas pediu que o Conselho de Perdões e Liberdades Condicionais do estado investigasse o caso e recomendasse um perdão para Perry. Pela legislação, Abbott não pode perdoar se essa medida não tiver sido recomendada antes pelo conselho.

O caso ocorreu em 25 de julho de 2020, durante uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos EUA desencadeada pelo assassinato de George Floyd, em Minneapolis, em maio daquele ano. No caso do Texas, tanto Perry quanto Foster são homens brancos.

Perry estava trabalhando no momento em que virou o carro em uma rua em que os manifestantes estavam marchando.

Segundo relatos na imprensa americana, algumas pessoas no protesto acharam que corriam o risco de serem atropeladas. Durante o julgamento, os dois lados apresentaram relatos conflitantes sobre se Foster apontou ou não a arma para Perry.

"O Texas tem uma das mais fortes leis de autodefesa que não pode ser anulada por um júri ou por um promotor distrital progressista", disse Abbott após conceder o perdão. O governador ainda usou a proclamação oficial para atacar o promotor público José Garza, que processou Perry. "[Garza] usou seu cargo de forma antiética e tendenciosa ao processar Daniel Perry."

No mês passado, a morte de um homem negro após ser detido e algemado pela polícia da cidade de Canton, em Ohio, estimulou novos debates sobre racismo nos EUA. Imagens de uma câmera de segurança mostraram Frank Tyson, 53, dizendo a frase "eu não consigo respirar" enquanto era imobilizado por um agente. O episódio lembra os assassinatos de Eric Garner e George Floyd, ocorridos em 2014 e 2020, respectivamente.

Em 2020, Floyd, que era negro, morreu depois de ter sido algemado e ter o pescoço prensado contra o chão por nove minutos pelo joelho de um policial branco em Minnesota. Já Garner foi morto após ser preso em Nova York. Com o pescoço envolvido pelos braços de um policial branco, o homem, que era negro, repetiu "eu não consigo respirar" 11 vezes antes de morrer.

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