'Donald Trump é incapaz de liderar', diz editorial do New York Times
O editorial diz que Trump é "perigoso" nas palavras e ações
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Mundo EUA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O New York Times, jornal mais influente dos Estados Unidos, afirmou em um editorial publicado nesta quinta-feira (11) que o candidato republicano a presidência dos EUA Donald Trump é "incapaz de liderar".
O editorial diz que Trump é "perigoso" nas palavras e ações. O jornal diz também que Trump é uma "escolha aterrorizante" para o momento do país. O New York Times afirma que o texto foi escrito por um conselho editorial, formado por um grupo de jornalistas de opinião, com experiência em pesquisa, debate e valores de longa data.
O artigo afirma que o republicano "se coloca à frente do país" e que detesta as leis vigentes dos EUA. O texto descreve Trump como "um homem cujos valores, temperamento, ideias e linguagem se opõem diretamente do que tornou este país grande".
"Mas o que está em jogo nestas eleições não se prende fundamentalmente a divergências políticas. O que está em jogo é mais fundamental: quais as qualidades que mais importam no presidente e no comandante-chefe dos Estados Unidos. Trump demonstrou um carácter indigno das responsabilidades da presidência. Ele demonstrou uma total falta de respeito pela Constituição, pelo Estado de direito e pelo povo americano", disse o editorial do New York Times.
"Trump é animado por uma sede de poder político", diz outro trecho do editorial. Segundo o artigo, o candidato republicano usa as alavancas do governo para promover os seus interesses.
Trump, candidato do Partido Republicano, deve enfrentar o democrata Joe Biden nas eleições presidenciais em novembro. O texto cita como positivo o debate entre os democratas se Joe Biden é o ideal candidato, mas sinaliza que os republicanos não tiveram um debate semelhante. "É uma tragédia nacional que os republicanos não tenham conseguido realizar um debate semelhante sobre a inaptidão moral e temperamental do seu porta-estandarte, deixando de lado os seus valores de longa data", diz.
Faltam menos de quatro meses para o dia das eleições. O editorial pede que os norte-americanos ouçam as palavras de Donald Trump. "Prestem atenção ao que ele fez como presidente". "Os eleitores frustrados pela inflação e pela imigração ou atraídos pela força da personalidade do Sr. Trump deveriam fazer uma pausa e tomar nota das suas palavras e promessas. Tem muito a ver com tornar as divisões e a raiva na nossa sociedade mais amplas e intensas do que já são".
O jornal classifica a presidência dos EUA como o trabalho mais importante do mundo e diz que Trump não deveria ocupar tal cargo. "O Partido Republicano fará a sua escolha na próxima semana. Em breve todos os americanos poderão fazer a sua própria escolha. O que Trump faria em um segundo mandato? Ele disse aos americanos quem ele é lhes mostrou que tipo de líder ele seria. Quando alguém falha em tantos testes fundamentais, você não dá a ele o trabalho mais importante do mundo".
LEIA ALGUNS TRECHOS DO EDITORIAL
"Ele mente descaradamente e maliciosamente, abraça racistas, abusa de mulheres e tem o instinto de um valentão de escola para atingir os mais vulneráveis da sociedade. Ele tem prazer em tornar pública, grosseira e polarizada uma linguagem cada vez mais divisiva e incendiária. Trump é um homem que anseia por validação e justificação, tanto que preferiria as mentiras de um líder hostil às verdades das suas próprias agências de inteligência e abalaria um aliado vulnerável em busca de vantagens políticas a curto prazo."
"Os presidentes republicanos e os candidatos presidenciais usaram a sua liderança em momentos críticos para estabelecer um tom que a sociedade deveria seguir. Reagan enfrentou o totalitarismo na década de 1980, nomeou a primeira mulher para o Supremo Tribunal e trabalhou com os democratas em reformas fiscais e de imigração bipartidárias. George H.W. Bush assinou a Lei dos Americanos Portadores de Deficiência e defendeu decisivamente um aliado, o Kuwait, contra a agressão iraquiana. George W. Bush, apesar de todos os seus fracassos após o 11 de Setembro, não alimentou o ódio nem demonizou os muçulmanos ou o Islã."
"Caráter é a qualidade que dá credibilidade, autoridade e influência a um líder. Durante a campanha de 2016, os ataques mesquinhos de Trump aos seus oponentes e às suas famílias levaram muitos republicanos a concluir que lhe faltava esse caráter. Outros republicanos, incluindo aqueles que apoiaram as políticas do antigo presidente no cargo, dizem que já não podem, em sã consciência, apoiá-lo para a presidência. "É um trabalho que exige o tipo de caráter que ele simplesmente não tem", disse Paul Ryan, ex-presidente republicano da Câmara, sobre Trump em maio", disse o editorial do New York Times.
JORNAL TAMBÉM PEDIU QUE BIDEN DESISTA DA CANDIDATURA
Desistência de Biden. Em dois editoriais, publicados nos últimos dias, o conselho editorial do New York Times, ao presidente Joe Biden que desista de sua campanha pela reeleição e permita que outro democrata enfrente Donald Trump em novembro.
No editorial publicado após o primeiro debate eleitoral, considerado catastrófico para Biden, o jornal descreveu o presidente, 81, como "a sombra de um líder". O texto publicado no dia 28 de junho argumentou que o presidente "fracassou em seu próprio teste".
"O Sr. Biden tem sido um presidente admirável. Sob a sua liderança, a nação prosperou e começou a enfrentar uma série de desafios de longo prazo, e as feridas abertas pelo Sr. Trump começaram a cicatrizar. Mas o maior serviço público que o Sr. Biden pode prestar agora é anunciar que não continuará concorrendo à reeleição", publicou o conselho editorial.
Segundo editorial contra candidatura de Biden foi publicado no dia 9 de julho. O jornal afirmou que Biden está "passando vergonha" e "colocando o seu legado em risco". O artigo diz ainda que ele "parece inapto" para um novo mandato. "Parece ter perdido a noção do próprio papel nesse drama nacional", acrescenta o texto em referência a Joe Biden. "Ele não parece entender que agora ele é o problema -e que a melhor esperança para os democratas manterem a Casa Branca é que ele desista".