Hamas propõe criação de governo palestino independente após guerra contra Israel em Gaza
Declaração, que toca em ponto sensível também para Tel Aviv, ocorre em meio a impasse em novas tentativas de acordo
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Mundo Guerra
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Hamas propôs, durante negociações para um cessar-fogo, que um governo palestino independente administre os territórios palestinos ocupados após a guerra -um ponto crítico para as duas partes do conflito nas conversas que tentam encerrar os combates na Faixa de Gaza.
"Apresentamos a proposta de que um governo apartidário, com poderes nacionais, administre Gaza e Cisjordânia depois da guerra", afirmou em um comunicado Hossam Badran, membro do gabinete político da facção, sobre as negociações que contam com a mediação de Qatar, Egito e Estados Unidos.
Oficialmente, Badran se negou a dar qualquer detalhe do que aconteceria depois da criação desse governo. "A administração de Gaza após a guerra é uma questão interna palestina que não deve sofrer nenhuma interferência externa. Não vamos falar em Gaza [após a guerra] com qualquer parte estrangeira", afirmou ele.
Um líder do Hamas, no entanto, declarou à agência de notícias AFP sob condição de anonimato que a proposta, que também sugere a celebração de eleições gerais nos territórios palestinos, foi apresentada aos mediadores.
A declaração coincide com a retomada das negociações entre Israel e Hamas e ocorre logo após o presidente dos EUA, Joe Biden, dizer que um esboço de cessar-fogo traçado por Washington havia sido aceito pelas duas partes.
"Essas são questões difíceis e complexas. Ainda há lacunas a serem preenchidas, mas estamos progredindo. A tendência é positiva. Estou determinado a fechar este acordo e pôr fim a esta guerra, que deve acabar agora", disse Biden em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (11).
O presidente afirmou ainda que Israel não deve ocupar o território após o fim dos combates, uma questão sensível para Tel Aviv. Planos pós-conflito foram uma das razões da dissolução do gabinete de guerra criado após os ataques terroristas liderados pelo Hamas em outubro.
O encerramento do órgão ocorreu após os deputados da aliança de centro-direita Unidade Nacional Benny Gantz e Gadi Eisenkot renunciarem a seus cargos no órgão, que contava com membros da oposição. Na ocasião, ao anunciar sua saída, o político cumpriu a promessa feita no fim de maio de deixar o governo de emergência caso o premiê não apresentasse um plano para o pós-guerra no território palestino.
Biden detalhou no final de maio uma proposta de três fases com o objetivo de alcançar um cessar-fogo, a libertação de reféns em Gaza e prisioneiros palestinos detidos por Israel, a retirada das tropas israelenses e a reconstrução do território palestino.
O Hamas aceitou uma parte fundamental de um plano dos EUA ao abandonar a exigência de que Israel se comprometa primeiro com um cessar-fogo permanente antes de assinar o acordo.
O diretor da CIA, Bill Burns, e o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Brett McGurk, estiveram no Oriente Médio esta semana e se reuniram com parceiros regionais para discutir o acordo.