ONG alerta para perseguição sem precedentes de jornalistas na Venezuela
Na última sexta-feira, o CPJ informou que oito jornalistas foram presos sob a acusação de terrorismo devido às reportagens que realizaram, e cerca de uma dúzia de profissionais foram forçados ao exílio
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Mundo Venezuela
A organização não governamental (ONG) Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) emitiu um alerta sobre uma perseguição sem precedentes a jornalistas após as eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela.
Na última sexta-feira, o CPJ informou que oito jornalistas foram presos sob a acusação de terrorismo devido às reportagens que realizaram, e cerca de uma dúzia de profissionais foram forçados ao exílio.
Segundo o relatório, a imprensa no país está sob crescente pressão, com muitos meios de comunicação sendo forçados à clandestinidade, em meio a constantes assédios e ataques por parte de altos funcionários do governo de Nicolás Maduro.
O CPJ chamou a atenção para o papel do novo ministro do Interior, Diosdado Cabello, que, sem apresentar provas, acusou várias plataformas de mídia independentes de receber financiamento do tráfico de drogas.
"Desde as eleições, a situação da liberdade de imprensa se deteriorou drasticamente: o governo impôs apagões de Internet, bloqueou plataformas de comunicação, e os jornalistas enfrentam dilemas impossíveis para continuar seu trabalho", destacou o CPJ, com base em informações das ONGs Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela e Espaço Público.
O relatório também trouxe relatos de jornalistas que foram forçados a deixar o país devido a ataques, incluindo três profissionais que deixaram de assinar reportagens após serem alvo de campanhas de difamação nas redes sociais.
"Somos tratados como criminosos ou fugitivos", afirmou uma jornalista ao CPJ, acrescentando que estava considerando abandonar o jornalismo e deixar a Venezuela.
Entre os que anunciaram o exílio forçado está o fotojornalista Jesús Medina Ezaine, que fugiu do país no último domingo por temer por sua segurança, mesmo após um juiz ter rejeitado todas as acusações contra ele em junho, após um processo judicial que durou seis anos, dos quais ele passou dois preso.
Outro jornalista, Luís Gonzalo Pérez, divulgou um vídeo na quinta-feira informando que, por fazer parte da equipe de comunicação da líder opositora María Corina Machado, tanto ele quanto sua família estavam em risco.
O relatório inclui depoimentos de jornalistas que detalham as crescentes dificuldades em entrevistar fontes e cidadãos, mesmo sob anonimato, já que muitos temem represálias.
O CPJ já havia alertado anteriormente sobre a censura imposta a portais de notícias e ONGs que defendem a liberdade de expressão. Além disso, várias emissoras de rádio foram fechadas e o acesso a sites que combatem fake news foi bloqueado.
"A liberdade de imprensa na Venezuela já estava em declínio muito antes das eleições, com o regime de Maduro fechando canais de TV, estações de rádio, bloqueando sites de notícias, confiscando jornais e fomentando o medo e a autocensura em seus 11 anos no poder", afirmou o CPJ.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela declarou Nicolás Maduro vencedor da eleição, com pouco mais de 51% dos votos. No entanto, a oposição contesta o resultado, alegando que seu candidato, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, que atualmente está exilado na Espanha, teria recebido cerca de 70% dos votos.
Diversos países e a oposição venezuelana denunciaram fraude eleitoral e exigiram a apresentação das atas de votação para uma verificação independente.
Protestos contestando os resultados tomaram as ruas, sendo duramente reprimidos pelas forças de segurança, com o registro de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos, segundo as autoridades.
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