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Janja controla os cardápios da cúpula do G20

"É ela quem acompanha os menus. Eu até prefiro que seja assim", disse à Folha de S.Paulo a chef Morena Leite, responsável por alimentar o batalhão de cerca de 300 pessoas reunidas para os trabalhos no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio.

Janja controla os cardápios da cúpula do G20
Notícias ao Minuto Brasil

19/11/24 13:48 ‧ Há 2 Horas por Folhapress

Política JANJA-DA SILVA

IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Personagem incontornável da cúpula do G20 pelas polêmicas que conseguiu atraiu para si, a primeira-dama Janja da Silva tem papel central na definição de um item crucial nesse tipo de reunião de líderes: o cardápio.

 

"É ela quem acompanha os menus. Eu até prefiro que seja assim", disse à Folha de S.Paulo a chef Morena Leite, responsável por alimentar o batalhão de cerca de 300 pessoas reunidas para os trabalhos no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio.

Paulistana de 44 anos, Morena assina o cardápio da rede de restaurantes centrada no Capim Santo, tradicional endereço de comida brasileira em São Paulo. "É muito emocionante. Tenho feito diversos trabalhos para o Itamaraty, mas este é o mais importante", conta.

Segundo ela, Janja é mais ativa do que Lula na sua área. "Havia toda uma preocupação com os temas da cúpula, a fome, a segurança alimentar", disse, afirmando ter priorizado ingredientes e preparos "comuns da mesa do brasileiro".

Janja vive inusual protagonismo na cúpula, tendo xingado do empresário Elon Musk em um evento paralelo ao fórum e sendo a única primeira-dama participando da cúpula, atrás do marido, apesar de não ter cargo no governo. Tudo isso tem irritado diplomatas e aliados do presidente, enquanto apoiadores da socióloga apontam machismo estrutural e inveja na reação.

Morena não trata desses temas. A chef, que já serviu o francês Emmanuel Macron e irá responder pela recepção de Estado ao chinês Xi Jinping nesta quarta (20) em Brasília, conta que passou por uma experiência inédita nesta cúpula.

Segundo ela, como acontece em filmes, a segurança de dois presidentes, o americano Joe Biden e o turco Recep Tayyip Erdogan, estava presente dentro da cozinha provando ingredientes para garantir que seus chefes não seriam passariam mal -por obra de uma pimentinha a mais ou, na fantasia usual, veneno.

O relacionamento, contudo, nada teve de arestoso. "Ficamos trocando receitas. Eles tinham repertório, sabiam o que era moqueca, mandioca", afirma a chef, que disse ter se comunicado em inglês, francês e espanhol com os sisudos homens de preto.

A principal orientação, vinda tanto do Itamaraty quanto de Janja, era a de um cardápio brasileiro sem sustos. Pimenta, só de cheiro. "Era para ser bem acessível."

Nas sessões de trabalho entre os líderes, eram colocados à mesa petiscos diversos: bolinho de cacau vegano, barquinha de tapioca, tira de polvilho, bananinha, balinhas de coco e diversas castanhas. Para beber, café e água.

No almoço da segunda, a entrada consistia de um tomate com cuscuz nordestino refogado com legumes sobre cama de folhas, e havia duas opções de principais: um espeto de costelinha com rubacão, arroz cremoso paraibano com queijo coalho, e um pirarucu com purê de mandioca e farofa com tucupi.

Lula manteve a fama carnívora e foi de costela. Dez dos líderes, que Morena não nomeou, escolheram uma terceira opção, a vegetariana, na forma de um nhoque de mandioquinha. Para sobremesa, pudim à base de castanha do Pará e musse.

Para beber, como se tratava de almoço de trabalho, sucos típicos: cupuaçu, graviola, caju, goaiba, abacaxi com capim-santo. Álcool, só à noite no coquetel formal, que teve galinhada, arroz carreteiro, ravioli de tapioca e mini moranga de carne seca com couve.

Já nesta terça (19), o almoço a partir das 15h terá moqueca baiana, picadinho com rosti de mandioca e, novamente, o nhoque vegetariano.

Comida é política. Nos anos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002), a cozinha do poder era tocada pela chef Roberta Sudbrack, que imprimiu forte tom francês nos elogiados cardápios que elaborava.

Nos seus dois primeiros mandato (2003-2010), Lula simplificou as coisas e deu fama ao restaurante Tia Zélia, um clássico da comida popular em Brasília.
Na volta ao poder, Janja assumiu o setor, mantendo a fama de centralizadora que lhe rende críticas na Esplanada, e buscou trazer nomes novos revelados na TV. Na vez de Elisa Fernandes, a ex-MasterChef que serviu na recepção ao argentino Alberto Fernández em junho de 2023, deu errado: Lula queixou-se publicamente da comida.

Com Morena, a relação se estreitou a partir da visita de Macron em maio, e está se ampliando. A chef será a nova Roberta Sudbrack? "Está caminhando para isso", brinca.

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