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Putin usa 287 mísseis e drones no maior ataque da Guerra da Ucrânia

O Ministério da Defesa russo disse que a ação foi uma vingança devido ao ataque, com seis mísseis americanos ATACMS, a uma base aérea na região de Rostov ocorrida na quarta (11). Esse tipo de ação foi chamada na quinta (12) pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de "loucura", algo celebrado pelo Kremlin.

Putin usa 287 mísseis e drones no maior ataque da Guerra da Ucrânia
Notícias ao Minuto Brasil

13/12/24 10:12 ‧ Há 3 Horas por Folhapress

Mundo RÚSSIA-UCRÂNIA

IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Esta sexta-feira 13 na Ucrânia fez jus à fama de data de mau agouro, com o país invadido por Vladimir Putin vivendo seu pior ataque aéreo desde o começo da guerra, há 1.024 dias. Foram empregados 287 mísseis e drones contra o sistema energético ucraniano.

 

O Ministério da Defesa russo disse que a ação foi uma vingança devido ao ataque, com seis mísseis americanos ATACMS, a uma base aérea na região de Rostov ocorrida na quarta (11). Esse tipo de ação foi chamada na quinta (12) pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de "loucura", algo celebrado pelo Kremlin.

Havia uma expectativa generalizada, que foi vocalizada pelo Pentágono, de que Moscou iria empregar seu novo míssil balístico de alcance intermediário, o Orechnik (aveleira, em russo), mas isso não aconteceu ainda.

Em seu lugar, ocorreu uma das mais complexas ações até aqui no conflito, com uso de múltiplas armas e saturação dos sistemas antiaéreos de Volodimir Zelenski. Antes, o maior ataque havia ocorrido com 236 mísseis e drones, em 26 de agosto.

Segundo Kiev, foram usados 94 mísseis, dos quais 81 teriam sido derrubados, e 193 drones -desses, 80 foram abatidos e 105, não teriam atingido alvos. A maioria dos mísseis era de cruzeiro, que manobram a baixa altitude para fugir de radares: Kh-101 e Kh-69 lançados de bombardeiros, Kalibr disparados de navios e Iskander-K, que têm lançadores móveis.

Também foram empregados mísseis balísticos Iskander-M e ao menos um KN-23 norte-coreano, além de quatro modelos hipersônicos Kinjal, que não foram interceptados.

O dano desta vez parece ter sido cirúrgico, já que não houve relatos até aqui de vítimas. Mas o país todo entrou em um regime de contenção de energia, com três blecautes escalonados previstos para esta sexta pela operadora Ukrenergo.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, 5 dos 9 reatores nucleares da Ucrânia tiveram de ter sua capacidade de geração reduzida para não sobrecarregar a rede, devido ao diversos pontos destruídos.

A campanha russa visa abalar a moral ucraniana: o inverno no país começa em duas semanas e as temperaturas já estão abaixo de zero grau Celsius em vários lugares, inclusive Kiev. A energia é vital para sistemas de aquecimento baseados em bombas que distribuem água quente pelas cidades por tubulações, além da iluminação em si.

O não uso do Orechnik mantém o suspense, dado que Putin já disse que voltará a empregar o míssil, que é desenhado para guerras nucleares com suas múltiplas ogivas e foi disparado conta Dnipro no fim de novembro. O Pentágono diz que há muita propaganda nisso, dado que a arma é experimental e não está disponível em grande quantidade.

Em relação aos ataques autorizados pelo governo Joe Biden contra alvos no território russo, objeto da retaliação desta sexta, o Kremlin comemorou a fala de Trump em entrevista à revista Time, que o elegeu "pessoa do ano" na quinta.

"É uma loucura o que está acontecendo. É uma loucura. Eu discordo veementemente em enviar mísseis centenas de milhas dentro da Rússia. Por que estamos fazendo isso? Nós só estamos escalando da guerra e a fazendo pior. Isso não deveria ter sido permitido", disse.

O republicano tocou música para os ouvidos russos. "A declaração coincide completamente com nossa posição, com nossa visão sobre causas de escalada", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Foi a mais contundente fala de Trump sobre a guerra, que ele diz querer "acabar em um dia", desde que derrotou Kamala Harris, a vice de Biden, em novembro. Há ampla expectativa de que ele retire apoio a Kiev para forçar negociações após assumir, em 20 de janeiro.

Isso forçou uma mudança cada vez mais desesperada de posição de Zelenski, que está perdendo terreno no leste ucraniano e viu sua ofensiva na região russa de Kursk tornar-se um detalhe menor na guerra.

O ucraniano já abandonou a rejeição total de negociar sem retirada de forças russas, e pediu à Otan [aliança militar liderada pelos EUA] um convite de admissão considerando apenas o território sob seu controle. O clube não topou, e Zelenski então sugeriu que tropas estrangeiras poderiam entrar na Ucrânia para garantir as fronteiras atuais, no caso de um cessar-fogo.

Essa medida aparentemente foi combinada com a França, mas não teve eco. O premiê polonês, Donald Tusk, um dos mais entusiasmados apoiadores de Kiev, se disse contra. Nesta sexta, Peskov voltou a dizer que a Rússia aceita negociar em seus termos, e que discussões sobre forças de paz na Ucrânia são prematuras.

Putin diz que se contenta com as quatro regiões que anexou em 2022, mas que não controla totalmente, e exige tanto a neutralidade da Ucrânia quanto seu desarmamento. Hoje, o russo ocupa quase 20% do país vizinho, incluindo aí a Crimeia, anexada em 2014.

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