Irmão de atacante de Nova Orleans já falou com FBI e está "em choque"
O irmão mais novo do suspeito do ataque em Nova Orleans que marcou o Ano Novo diz que "não parece real". À imprensa norte-americana afirma que o irmão mudou de comportamento, mas que nunca se previu que ele estivesse radicalizado. Autoridades já confirmaram apoio do suspeito, de 37 anos, ao Daesh.
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Mundo Nova Orleães
O irmão do suspeito do ataque em Nova Orleans, que até o momento deixou 14 mortos e dezenas de feridos, afirmou estar em "choque" com a tragédia ocorrida no dia de Ano Novo.
"A situação pegou todos de surpresa", disse Abdur-Rahim Jabbar à CBS News, acrescentando que seu irmão sempre foi ligado à religião, mas que nunca imaginou que ele pudesse se radicalizar.
Abdur-Rahim, de 24 anos, explicou que ele e o irmão, Shamsud-Din Jabbar, de 42 anos, nunca foram muito próximos devido à diferença de idade, mas se reaproximaram em 2023, quando tiveram que cuidar do pai, que sofreu um acidente vascular cerebral.
Segundo ele, Shamsud-Din, que também morreu no ataque, havia passado recentemente por um terceiro divórcio. Ao longo da vida, o suspeito sempre defendeu a importância de manter o casamento unido. Abdur-Rahim afirmou ainda que o irmão disse ter abandonado "hábitos" como o consumo de álcool, drogas e sexo fora do casamento.
"Ele era muçulmano praticante desde criança, mas acho que, em algum momento da vida, se afastou da religião e depois voltou a ela", explicou Abdur-Rahim, destacando que nunca viu sinais de radicalização e que toda a família está em choque.
O irmão também revelou que já foi ouvido pelo FBI, que está investigando o caso e acredita em uma ligação com o autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), iniciada antes do verão de 2024, conforme informado em uma coletiva de imprensa na última quinta-feira.
Abdur-Rahim relatou mudanças no comportamento de Shamsud-Din nos últimos meses. Ele adotou roupas mais modestas e removeu tatuagens do corpo. "Nada disso parece real, mas a cada momento que jornalistas, o FBI ou qualquer outra pessoa me procuram, isso se torna mais concreto", disse Abdur-Rahim. "Não consigo imaginar o que as famílias das vítimas estão passando. Tenho certeza de que estão sofrendo tanto quanto eu e minha família."
Shamsud-Din Jabbar avançou com um carro em uma área movimentada de Nova Orleans, no estado da Louisiana, na madrugada do Ano Novo, deixando pelo menos 14 mortos e dezenas de feridos.
Em uma coletiva, o FBI confirmou as ligações do suspeito com o Daesh, mas afirmou que ainda não há provas de envolvimento de outras pessoas. No entanto, a investigação continua, com mais de mil agentes analisando imagens de videovigilância e rastreando possíveis cúmplices em outros estados.
Nas redes sociais, Shamsud-Din deixou mensagens de apoio ao Daesh e chegou a declarar que havia planejado ferir sua própria família, mas desistiu ao perceber que a repercussão não destacaria a "guerra entre crentes e não-crentes".
Entre as vítimas fatais está um lusodescendente. Matthew Tenedório, de 25 anos, era neto e filho de imigrantes de Vila Nova de Cerveira, em Portugal.
As autoridades descartaram qualquer ligação entre este ataque e outro ocorrido quase simultaneamente no Hotel Internacional Trump, em Las Vegas, Nevada. Nesse incidente, um militar de 37 anos morreu após disparar contra si mesmo. O carro em que estava, um Tesla Cybertruck, explodiu devido à presença de foguetes em seu interior, deixando sete pessoas levemente feridas. Segundo familiares, o homem havia sido deixado pela esposa durante o Natal e, antes de morrer, contatou ex-namoradas e um tio, que o descreveu como "patriota" e admirador de Donald Trump.
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