Imprensa israelense destaca que Goldfajn, do BC, nasceu no país
"Ele fala hebraico fluentemente. Tem família em Israel e costuma visitar o país", enfatizou a reportagem do Ynet, maior site de notícias do país
© Agência Brasil / Wilson Dias
Mundo Novo presidente
"Orgulho israelense". Com essas palavras, o maior site de notícias de Israel, Ynet, começou uma reportagem, publicada na sexta-feira (13), sobre Ilan Goldfajn, 50, indicado nesta terça (17) para presidência do Banco Central brasileiro. Para ocupar o cargo, no entanto, ele ainda precisa passar por uma sabatina no Senado, que deve começar na próxima semana.
Goldfajn nasceu em Haifa (Norte do país) e viveu alguns anos em Israel antes de chegar ao Brasil, aos dez anos de idade.
"Ele fala hebraico fluentemente. Tem família em Israel e costuma visitar o país", enfatizou a reportagem do Ynet com o título "Israelense é nomeado presidente do Banco Central do Brasil".
Desde que o nome de Goldfajn foi aventado para o BC, a imprensa israelense tem destacado, em tom de júbilo, que ele nasceu no país. A agência de noticias Calcalist afirmou que ele "é considerado um dos principais economistas do Brasil". O mesmo informou o jornal econômico Globes, listando os desafios que ele enfrentará, "principalmente a erosão no valor do real, a alta inflação e a previsão de retração em 2016".
A imprensa israelense também tem ressaltado que, se o novo presidente interino, Michel Temer, é um cristão maronita filho de libaneses, o novo presidente do BC é um judeu nascido em Israel, numa mistura de nacionalidades e religiões que, no Oriente Médio, parece inusitada.
Goldfajn tem outra ligação com sua terra natal. Ele trabalhou sob a batuta do economista Stanley Fischer no FMI (Fundo Monetário Internacional) de 1996 a 1999, pouco antes de Fischer assumir a presidência do Bank Israel, o Banco Central do país (2005 e 2013). Para assumir o cargo, Fischer se nacionalizou israelense.
Os jornais também especulam se a nomeação de Goldfajn ajudaria a diminuir a tensa relação entre Brasil e Israel durante o governo Dilma Rousseff, que chegou ao auge com a recusa de Brasília em aceitar a nomeação do empresário Dani Dayan, líder de colonos judeus na Cisjordânia, como novo embaixador de Israel. Em reportagem publicada na segunda-feira (16), o jornal Times of Israel especulou que a nomeação de Goldfajn seria uma prova de que Temer é "amigo da comunidade judaica".
"Entre seus primeiros passos, Temer anunciou José Serra, um amigo de longa data da comunidade judaica, como ministro das Relações Exteriores e Ilan Goldfajn, um estimado economista que nasceu em Israel, como presidente do Banco Central", escreveu o Times of Israel.
Ilan Goldfajn nasceu em Israel em 1966. Sua família se mudara do Rio de Janeiro para o país após o pai receber uma oferta de trabalho. A irmã mais velha e o irmão mais novo de Goldfajn também sçao israelenses. Na década de 70, a família se mudou para o México e, depois, voltou para o Rio, onde o pai assumiu a representação, no Brasil, do Bank Leumi, um dos maiores de Israel.
Goldfajn costuma fazer visitas a Israel para visitar parentes ou dar palestras. Em janeiro de 2015, participou de um seminário sobre a economia brasileira realizado pela Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil e pelo Instituto de Exportação de Israel.
"Estamos orgulhosos de compartilhar com vocês que nosso convidado de honra do evento de abertura da Câmara no ano passado, o senhor Ilan Goldfajn, foi nomeado para o importante e respeitado cargo de presidente do Banco Central do Brasil. Desejamos a ele muito sucesso", escreveu a equipe da Câmara em um e-mail enviado a assinantes.
Segundo colegas de infância, o novo presidente do BC hesitou em aceitar o novo cargo. Um dos motivos foi a retirada do status de ministro, o que acaba com o foro privilegiado do presidente do BC. "O presidente pode ser preso por uma besteirinha", contou um amigo próximo. "Fora isso, a família se ressente muito dos anos em que ele passou trabalhando em outra cidade", continuou, se referindo às fases em que Goldfajn trabalhou em São Paulo pelo Itaú Unibanco e em Brasília, como diretor de política econômica do BC, entre 2000 e 2003.
Goldfajn e a mulher também moraram nos Estados Unidos por cerca de uma década, onde dois de seus três filhos nasceram. Com informações da Folhapress.