Hungria deixa Tribunal Penal Internacional após visita de Netanyahu

A decisão foi revelada nesta quinta-feira (3) por um alto representante do premiê Viktor Orbán, poucas horas depois da chegada de Netanyahu ao país para uma visita de Estado

Hungria deixa Tribunal Penal Internacional após visita de Netanyahu

© Philipp von Ditfurth/picture alliance via Getty Images

Notícias ao Minuto
03/04/2025 07:40 ‧ há 1 semana por Notícias ao Minuto

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Viktor Orbán

Em meio a tensões diplomáticas envolvendo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o governo da Hungria anunciou oficialmente que deixará o Tribunal Penal Internacional (TPI). A decisão foi revelada nesta quinta-feira (3) por um alto representante do premiê Viktor Orbán, poucas horas depois da chegada de Netanyahu ao país para uma visita de Estado.

 

O líder israelense é alvo de um mandado de prisão emitido pelo TPI em novembro de 2023, por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos durante o conflito entre Israel e o grupo Hamas. Mesmo assim, foi recebido com honras em Budapeste e chegou a ser cumprimentado pessoalmente no aeroporto pelo ministro da Defesa da Hungria.

A retirada da Hungria do tribunal internacional, sediado em Haia, na Holanda, marca um posicionamento político inédito entre os países da União Europeia, bloco no qual o país se torna o primeiro a se afastar formalmente da corte. Segundo Gergely Gulyás, chefe de gabinete de Orbán, o TPI “perdeu sua função original e passou a atuar de forma política”. Ele classificou o mandado contra Netanyahu como “inaceitável”.

Gulyás também alegou que o parlamento húngaro jamais chegou a ratificar o Estatuto de Roma — tratado que criou o TPI em 2002 — o que, segundo ele, isentaria o país da obrigação de seguir suas determinações.

A decisão da Hungria foi rapidamente celebrada por autoridades israelenses. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, agradeceu o “apoio moral claro e forte” do governo húngaro e criticou duramente o TPI, acusando o tribunal de ignorar os princípios do direito internacional ao se posicionar contra Israel.

Netanyahu, por sua vez, já havia dito que o mandado de prisão contra ele tinha motivações “antissemitas”. Desde sua emissão, o premiê israelense evitou visitar países que sinalizaram intenção de cumprir a ordem da corte. Em contrapartida, os Estados Unidos — que também não reconhecem a jurisdição do TPI — rejeitaram a legitimidade do mandado e mantêm relações próximas com Tel Aviv.

O que é o TPI?

O Tribunal Penal Internacional foi criado para investigar e julgar crimes graves contra a humanidade, incluindo genocídios, crimes de guerra e crimes de agressão. A corte tem 125 Estados-membros. Países como Estados Unidos, China, Rússia, Israel e agora a Hungria não reconhecem sua autoridade.

Em 2021, o TPI decidiu que tinha jurisdição sobre os territórios palestinos — Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental — com base no reconhecimento da Palestina como Estado-membro pelas Nações Unidas. Desde então, a atuação da corte vem sendo alvo de críticas por parte do governo israelense e seus aliados.

Para que a saída da Hungria seja oficializada, o governo de Viktor Orbán ainda precisa enviar uma notificação formal ao secretário-geral da ONU. De acordo com as regras do Estatuto de Roma, a retirada só passa a valer 12 meses após esse aviso.

Leia Também: Ataques israelenses matam 24 pessoas em Gaza nesta quinta-feira

 

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