Egito registra aumento de prisões por blasfêmia
Apesar de acontecerem sob um Estado laico, as punições cresceram de três em 2011, para 21 em 2015
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Mundo Regime
Os tribunais egípcios têm distribuído, nos últimos anos, condenações baseadas no artigo 98 de seu Código Penal, que pune a blasfêmia. Apesar de acontecerem sob um Estado laico, as punições cresceram de três em 2011, para 21 em 2015.
De acordo com a reportagem da Folha de S. Paulo, por um vídeo de 30 segundos imitando uma oração, quatro adolescentes cristãos foram condenados a cinco anos de prisão. Por criticar o sacrifício de animais em uma celebração islâmica. Já em outro caso, uma escritora recebeu três anos de punição.
Os julgamentos, criticados por organizações de defesa dos direitos humanos, aumentaram desde a eleição do islamita Mohammed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, para presidente. Apesar da população conseguir tirá-lo do poder indo às ruas em 2013, fora eleito ainda no mesmo ano, o militar Abdel Fattah al-Sisi, que tem ampliado a repressão usando a religião como argumento.
Um dos casos mais emblemáticos é o dos adolescentes do vilarejo de Bani Mazar, ao sul do Cairo. Em 2015, eles gravaram um vídeo ridicularizando a organização terrorista Estado Islâmico. Na cena, imitavam a reza islâmica. Meses depois, colegas muçulmanos viram o arquivo.
O povoado enfureceu-se diante do que foi considerado desrespeito ao islã. Os jovens foram acusados de blasfêmia e condenados a cinco anos de prisão. Hoje estão foragidos em outro país.