Diplomata turco acusa UE de "humilhar" a Turquia
Cavusoglu sugeriu que a suspensão da necessidade de vistos para cidadãos do país em troca do respeito ao acordo mingratório entre o bloco europeu e o país
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Mundo Diplomacia
Em entrevista a um jornal alemão, o chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, acusou a União Europeia de "humilhar" a Turquia e sugeriu que a suspensão da necessidade de vistos para cidadãos do país em troca do respeito ao acordo mingratório entre o bloco europeu e a Turquia.
"O povo turco está traumatizado" depois da tentativa de golpe de 15 de julho, e os europeus "nos humilham em vez de ajudar a Turquia", disse Cavusoglu ao jornal Bild desta segunda-feira (15). Ele também falou sobre o possível congelamento das negociações de adesão à União Europeia e as discussões sobre a isenção de vistos para os cidadãos turcos.
Para o ministro das Relações Exteriores turco, Ancara trabalhou "como poucos países para atingir as condições de adesão à UE", mas em troca só recebeu "ameaças, insultos e um bloqueio total" por parte dos 28 estados-membros.
"Eu me questiono: qual foi o crime que nós cometemos? Porque esta hostilidade?", continuou Cavusoglu, que na última quarta-feira (10) já tinha acusado a União Europeia de ter fomentado o sentimento anti-europeu na Turquia, "favorecendo" ou mesmo "encorajando" os autores da tentativa de golpe.
Mevlüt Cavusoglu exigiu novamente a supressão dos vistos para os cidadãos turcos em contrapartida do acordo migratório UE-Turquia. Desde março deste ano, o acordo tenta barrar as travessias de imigrantes e de refugiados das costas turcas para as ilhas gregas.
Nesse acordo, a Turquia comprometeu-se a aceitar de volta os imigrantes que chegassem do seu território às ilhas gregas de forma ilegal e, em troca, a UE prometia uma ajuda de até 6 bilhões de euros.
Por cada imigrante sírio enviado de volta à Turquia, outro refugiado sírio poderia abandonar o país legalmente e entrar diretamente na UE.
O pacto incluía também a supressão de vistos, mas este último ponto, que deveria entrar em vigor em junho, continua pendente porque Bruxelas considera que Ancara ainda não com cumpriu todos os requisitos e deve reformar a sua lei antiterrorista para cumprir com os padrões europeus.
No ano passado, centenas de milhares de migrantes atravessaram o mar Egeu em condições dramáticas e perigosas para chegar à Grécia.