Por que alguns animais são decapitados e continuam "vivos"?

Entenda como o mundo animal pode ser surpreendente

Por que alguns animais são decapitados e continuam "vivos"?

© Yves Herman/Reuters

Notícias Ao Minuto
19/09/2016 15:52 ‧ há 8 anos por Notícias Ao Minuto

Baratas continuam vivas mesmo sem cabeça? Frango pode viver um ano após ser decapitado? Tentáculos de polvo podem continuar vivos mesmo sem a cabeça do molusco?

André Frazão, biólogo do departamento de fisiologia da Universidade de São Paulo, em entrevista ao UOL, explica que: depende.

É preciso levar dois pontos em consideração: as reações dependem da anatomia e fisiologia de cada bicho e viver não é apenas sobreviver e ter espasmos.

O que pouco se sabe é que o inseto tem as principais estruturas vitais no abdômen, por isso consegue reagir por mais tempo após perder a cabeça. "A barata não irá comer ou beber. Ela sobreviverá, se não tiver grandes desafios, e morrerá quando a reserva de energia e água acabar", explica Frazão.

O baixo metabolismo faz com que ela tenha energia para sobreviver um tempo nessas condições. O biólogo explica: "O inseto fica pouco ativo e não sabe o que está fazendo. É difícil dizer que ela está realmente vivendo sem uma parte do corpo".

De acordo com Frazão, moscas têm reações parecidas ao ficarem sem cabeça, elas começam a morrer, mas devido a essas características fisiológicas e anatômicas, isso pode demorar um tempo.

Diferente é o que acontece com as planárias. O verme é capaz de regenerar-se e criar uma nova cabeça se for decapitado. E, de acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Experimental Biology, até algumas memórias são mantidas na cabeça regenerada.

No caso do polvo, tem resposta mais rápida. "Ao perder a cabeça, os tentáculos podem ter reflexos e se dobrarem ou até se enrolarem", afirma Frazão. A resposta não quer dizer que o corpo está vivo, é apenas uma reação ao "susto" da morte.

Acontece também com as cobras, e existem registros de que elas até mordem após a decapitação. Em 2014, um chef chinês morreu ao ser picado pela cabeça de uma cobra que ele havia decepado. O especialista em cobras Yang Hong-chang explica que é comum répteis terem reações após a morte. "A cobra só morre efetivamente quando as funções básicas do corpo cessem", diz.

O frango também reage com espasmos. Portanto, ao quebrar o pescoço ou decapitar um frango, os neurônios disparam em uma frequência acelerada. "Mas já não há nenhum controle corporal, de batimento cardíaco ou temperatura. Ela não sobrevive", explica Frazão.

De acordo com o UOL, em 1945, um fazendeiro americano decapitou o frango, que sobreviveu por mais 18 meses. Segundo Tom Smulders, especialista em frangos do Centro de Estudos sobre Comportamento e Evolução da Universidade de Newcastle (EUA), o corte executado em Mike preservou cerca 80% da massa cerebral do animal. Contudo, sabe-se que a maior parte do cérebro de um frango fica na parte traseira do crânio. E com isso, o animal sobreviveu, mas precisou de ajuda para se alimentar e beber água.

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