Venezuela expropria padarias em nova "guerra alimentar"
A ordem do governo estabelece que cada padaria receberá 300 sacos de 45 kg de farinha por mês para fazer pão em ritmo constante todos os dias das 7h às 19h
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Mundo Maduro
O governo da Venezuela expropriou nesta quinta (16) duas padarias e prendeu quatro funcionários das lojas, os primeiros alvos da nova guerra alimentar do presidente Nicolás Maduro: a do pão.
No último domingo (12), o mandatário ordenou que os padeiros destinassem à produção de pães franceses, baguetes e bisnagas 90% da cota de farinha de trigo vendida pelo Estado, o importador exclusivo do produto.
As padarias estatizadas vendiam baguetes de 140g, 40g a menos que a norma do governo. Um deles ainda guardava 54 sacos de farinha vencida para fazer brownies, que só podem ser produzidos com os 10% restantes do fornecimento.
As cozinhas foram ocupadas pelas forças de segurança, que usaram a matéria-prima remanescente para produzir pães, mas não para os consumidores habituais.
O alimento pronto foi entregue ao sistema de abastecimento estatal, gerido por militantes chavistas e criticado pela oposição por priorizar aliados do presidente.
As violações foram descobertas pela Superintendência de Preços Justos. Maduro também designou a fiscalização das padarias à Guarda Nacional, à Polícia e aos coletivos (milicianos chavistas).
À imprensa local, padeiros denunciaram a intimidação sofrida principalmente por parte dos milicianos. Alguns deles foram coagidos a mostrar seus estoques de farinha.
A ordem do governo estabelece que cada padaria receberá 300 sacos de 45 kg de farinha por mês para fazer pão em ritmo constante todos os dias das 7h às 19h.
Para as federações da Indústria de Panificação (Fevipan) e de Trabalhadores da Farinha (Fetraharina), a meta é impossível de ser cumprida.
Segundo a Fevipan, a Venezuela precisa de 120 mil toneladas de trigo por mês para suprir o país. Em março, porém, o governo importou 30 mil toneladas, que serão usados também para massas.
A falta de trigo é um exemplo do desabastecimento no país, que o chavismo chama de guerra econômica. O pão tornou-se o principal substituto da arepa, base da alimentação venezuelana que se tornou rara pela escassez da farinha de milho. Com informações da Folhapress.