Brasileira fala sobre trauma de ter sido atingida por tiro na Síria
Muito abalada, Márcia Kardous não quer mais ficar morando em Damasco
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Mundo Conflito
O apartamento onde morava a brasileira Márcia Kardous, 27 anos, na Síria, foi atingidido no final de março por um morteiro de grupos rebeldes ligados à Al Qaeda entrincheirados na periferia de Damasco contra a capital.
Márcia, que nasceu no Brasil e vive na Síria desde os seis meses de idade, conta que o ataque não causou danos à estrutura do prédio, mas destruiu o vidro de todas as janelas.
"Começou a ficar muito frio e fui ligar o aquecedor. Dava para perceber que era uma batalha grande porque os tiros e os morteiros não paravam, mas eu não imaginava que estava tão perto, na minha rua", conta.
A brasileira em seguida percebeu que tinha sido atingida por um tiro na barriga. A bala atravessou seu tórax e foi parar em seu pescoço.
"Foi um milagre, tive apenas os pulmões perfurados, nenhum outro órgão foi atingido", conta ela.
A Folha de S. Paulo destaca que Márcia ainda está de cama, mas fora do hospital. Ela se recupera agora dos ferimentos e sente dores e dificuldade para respirar.
As marcas psicológicas são maiores que as limitações físicas. As crises de choro são recorrentes e, muito abalada, Márcia não conseguiu mais voltar para o apartamento e está morando na casa da irmã. Ela passa os dias assustada com os sons da artilharia síria e dos morteiros que caem nas proximidades.
"Ela está deprimida, não é fácil passar pelo que ela passou depois de viver tanto tempo tão próxima da guerra", conta seu tio, o médico sírio-brasileiro Rafle Kardous.
A publicação ainda refere que Márcia estava com o casamento marcado para junho. "Não quero pensar nisso neste momento, não me sinto preparada", diz.
A brasileira não quer mais ficar morando na Síria, mas ainda não decidiu se irá para o Brasil, algum país europeu ou para a Armênia, onde mora a família do seu noivo.
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