Papa Francisco implora pela paz na Síria e no Oriente Médio
Pedido foi expresso durante a benção "Urbi et Orbi", neste domingo de Páscoa (14)
© Stefano Rellandini / Reuters
Mundo Vaticano
O papa Francisco criticou o modelo econômico atual e fez um apelo para que os fiéis no mundo todo "socorram os novos escravos", imigrantes, vítimas de trabalhos desunamos e da discriminação.
O pedido foi expresso durante a benção "Urbi et Orbi" ("À cidade de Roma e ao mundo"), neste domingo de páscoa (14), no Vaticano. "Os pobres são testemunhas da escandalosa realidade de um mundo ainda marcado pela lacuna entre o número de indigentes exterminados, privados do mínimo necessário, e a minúscula proporção de pessoas que detêm quase a totalidade das riquezas e pretendem determinar o destino da humanidade", disse Jorge Mario Bergoglio, em uma das mensagens mais importantes da Igreja Católica nos ritos de páscoa.
"Há mais de dois mil anos do anúncio do Evangelho, e depois de oito séculos do testemunho de Francisco, estamos diante de um fenômeno de 'desigualdade global', de uma 'economia que mata'", criticou.
Francisco pediu que as pessoas se encarreguem de cuidar "das tantas vítimas das antigas e novas formas de escravidão: trabalhos desumanos, tráfico ilícito, exploração, discriminação e dependência".
"Principalmente das crianças e adolescentes explorados, os quais têm seus corações feridos por violências que passam pelas paredes de suas próprias casas, e dos imigrantes forçados a deixarem suas terras por causa de conflitos armados, ataques terroristas ou regimes opressivos", disse Francisco.
Dirigindo-se à Europa, o Papa pediu que os europeus mantenham a "esperança" para enfrentar esse "momento de crise e dificuldade, especialmente a falta de trabalho para os jovens".
Nesse contexto, o Papa se referiu à guerra na Síria e pediu apoio do "Senhor para os que tentam resolver" o confronto "que parece não terminar nunca e disseminar o horror e a morte".
Originário da Argentina, Bergoglio também citou a América Latina em sua benção de Páscoa, pedindo apoio nas tratativas de "tensões políticas e sociais" em países que sofrem com conflitos internos, como a Venezuela.
"Que possam ser construídas pontes de diálogo, perseverando na luta contra a praga da corrupção e na busca por soluções válidas pacíficas, e não controversas", orientou o Papa.
O Vaticano reforçou todo seu esquema de segurança para receber os cerca de 60mil fiéis para a benção "Urbi et Orbi", proclamada sempre duas vezes por ano, na Páscoa e no Natal, ocasiões em que o Papa envia mensagens para o mundo todo.
Várias ruas ao entorno da Praça São Pedro foram fechadas para os carros. Os pedestres que ingressaram na praça tiveram que passar por controles de bolsas e de detector de metais.
Mais cedo, na tradicional missa de Páscoa no Vaticano, Francisco reforçou seu apoio a Jesus e afirmou que o sofrimento da crucificação é a resposta para todas as dúvidas sobre as desgraças mundanas.
"Se o Senhor é o conforto, como ocorrem tantas desgraças, doenças, tráfico de pessoas, escravidão, guerras, destruição, mutilação, vingança, ódio? Onde está o Senhor?", questionou o Papa, na homilia totalmente feita em improviso, sem leitura de texto escrito.
"Ontem eu telefonei para um jovem com uma doença grave e, para dar um sinal de fé, eu disse: 'Não tem explicação para o que acontece com você. Olhe para Jesus na cruz. Deus fez isso com seu filho e não tem explicação", disse. "E aquele jovem, um engenheiro, me respondeu: 'Sim, mas Deus perguntou se eu filho queria aquilo. A mim ninguém perguntou'", contou Francisco.
"Isso me comoveu. Ninguém é questionado sobre se está contente com aquilo que acontece no mundo... e a fé em Jesus declina", confessou. (ANSA)
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