Noite de protestos e saques na Venezuela deixa 12 mortos
Onda de violência na Venezuela ocorre em meio a série de marchas convocadas por adversários de Maduro; opositores foram às ruas sete vezes só nas últimas três semanas
© Carlos Eduardo Ramirez / Reuters
Mundo Venezuela
Após um dia marcado por protestos contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao menos 12 pessoas morreram durante distúrbios e saques ocorridos em Caracas entre a noite de quinta-feira (20) e a madrugada de sexta (21).
Em um protesto no bairro Petare, na parte leste de Caracas, Melvin Fernado Guittian Díaz, 26, morreu após ser baleado enquanto voltava para casa. Ele não participava da manifestação.
No outro extremo da cidade, no bairro El Valle, moradores locais montaram barricadas e foram reprimidos pelas forças de segurança. Segundo a imprensa local, 17 estabelecimentos foram saqueados na região à noite. Durante os tumultos, um hospital infantil precisou ser esvaziado após a invasão de homens armados.
Em uma tentativa de saque contra uma padaria, um cabo de energia se soltou e produziu um choque elétrico que matou ao menos oito pessoas.
O proprietário do estabelecimento, chamado Ramón Martínez, morreu após ser baleado. Uma outra vítima baleada no local foi identificada como Kelvin León -as circunstâncias de sua morte não estão claras.
"Parecia uma guerra. A Guarda e a polícia usava gás, civis armados atiravam contra os edifícios. Minha família e eu nos jogamos no chão. Foi horrível. Conseguimos dormir depois que tudo acabou às três da madrugada", contou à agência de notícias AFP Carlos Yánez, 33, morador de El Valle.
A onda de violência na Venezuela ocorre em meio a uma série de marchas convocadas por adversários de Maduro. Nas últimas três semanas, os opositores foram às ruas sete vezes.
Os protestos têm sido marcados por confrontos entre manifestantes e a polícia, os quais deixaram mortos em diferentes cidades. Contando os 11 mortos nos tumultos mais recentes em Caracas, chegou a 20 o total de mortos desde o início da onda de manifestações.
A oposição usa os protestos como uma forma de pressionar Maduro a convocar as eleições regionais, que deveriam ter ocorrido em dezembro, libertar opositores presos, resolver a crise econômica e aceitar ajuda humanitária.
A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, acusou a oposição de "contratar quadrilhas armadas" para provocar os tumultos.
O opositor Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional, culpou o governo pela onda de violência. "Queremos enfrentar um governo que, após pôr suas pessoas nas ruas e as armar, agora quer dizer que não eles não são os autores da violência", declarou.
REAÇÃO REGIONAL
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil lançou nesta sexta-feira (21) um comunicado conjunto com outros países da América Latina condenando a violência na Venezuela e pedindo que o governo do país "adote medidas para garantir os direitos fundamentais e preservar a paz social".
"É imperativo que a Venezuela retome o caminho da institucionalidade democrática e que seu governo defina as datas para o cumprimento do cronograma eleitoral, liberte os presos políticos e garanta a separação dos poderes constitucionais", diz a nota.
Além do Brasil, assinaram o documento Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. Com informações da Folhapress.
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