Macron e Le Pen iniciam a campanha do 2º turno na França
Macron teve 23,9% dos votos, enquanto Le Pen recebeu 21,4%, cifras bastante próximas daquelas previstas pelas pesquisas de opinião da véspera
© Charles Platiau / Reuters
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Um dia após vencerem o primeiro turno das eleições francesas, o centrista Emmanuel Macron e a ultra direitista Marine Le Pen voltaram nesta segunda-feira (24) à campanha, preparados para um calendário eleitoral apertado.
Macron teve 23,9% dos votos, enquanto Le Pen recebeu 21,4%, cifras bastante próximas daquelas previstas pelas pesquisas de opinião da véspera. O instituto Ipsos previu 24% contra 22%. Os números finais vão ser anunciados nesta quarta-feira (26), mas esse gesto será apenas formal.
O segundo turno será realizado em 7 de maio. Será a primeira vez na história moderna da França que os dois principais partidos não irão concorrer à Presidência.
A disputa será travada entre o movimento independente Em Frente!, de Macron, e a sigla nacionalista Frente Nacional, de Le Pen.
Ambos tentarão retratar o rival como um representante do sistema, apesar de nenhum deles ser de fato um completo estranho à política.
Mesmo nunca eleito a um cargo público, Macron foi ministro da Economia do atual governo socialista e já recebeu o apoio de diversas figuras tradicionais, como o candidato conservador François Fillon e o ex-premiê socialista Manuel Valls."Ele é parte da velha guarda da política francesa, que é de uma maneira ou outra responsável por onde estamos hoje", disse a candidata da Frente Nacional na segunda.Le Pen, por sua vez, é membro do Parlamento Europeu e representa a Frente Nacional que herdou de seu pai, Jean-Marie Le Pen. A família está há décadas no sistema político, apesar de nunca ter chegado à Presidência.CALENDÁRIOA campanha terá um ápice em 1º de maio, com manifestações previstas. Sindicatos marcham ao redor do país. Macron e Le Pen devem ir às ruas angariar o apoio dos trabalhadores.No dia 3 de maio os candidatos comparecerão a um debate televisivo. É improvável que, dias antes do segundo turno, o debate transforme o resultado. Mas essa transmissão será seguida com ansiedade, e não apenas na França.As eleições vão ser disputadas em torno da integração na União Europeia, defendida por Macron, ou de um plebiscito pela saída do bloco econômico, sugerido por Le Pen. A candidata também quer deixar a Otan, a aliança militar ocidental -posturas que levaram líderes europeus a comemorar a liderança de Macron nas pesquisas.O instituto Ipsos prevê que o centrista vença a disputa no segundo turno com 62% dos votos contra 38%.Ele tem o apoio das siglas tradicionais. O governista Partido Socialista e o conservador Republicanos pediram que seus eleitores votem Macron e impeçam a extrema direita de chegar ao poder.A campanha será interrompida por lei no dia 5, uma sexta-feira. No domingo 7 de maio eleitores voltam às urnas para decidir quem será seu próximo presidente -o resultado final será divulgado naquela mesma noite.LEGISLATIVASO vencedor não terá tempo para comemorar sue chegada à Presidência. Ambos Macron e Le Pen não têm presença no Parlamento e precisarão conquistar assentos para poder implementar as medidas que propõem.Le Pen, por exemplo, necessita de apoio parlamentar se quiser convocar um referendo para modificar a Constituição e retirar a França da União Europeia. Macron planeja implementar reformas econômicas caso vença.Em 2012 o presidente francês, François Hollande, e seu Partido Socialista conquistaram 280 assentos entre os 577 da Assembleia Nacional.Passado o teste legislativo, o próximo presidente terá que lidar com um cenário bastante desfavorável. Eleitores estão descontentes com a maneira com que os partidos tradicionais lidaram com dois dos grandes temas do debate público nestes anos: a segurança e a economia.A França foi recentemente alvo de diversos atentados terroristas, como os atentados que deixaram 130 mortos em Paris em novembro de 2015. Essa crise se sobrepõe às discussões sobre a migração -extremamente criticada por Le Pen, que gostaria de expulsar refugiados.Em termos econômicos, a França enfrenta um desemprego de cerca de 10% e um crescimento insatisfatório -resultados do início de 2017 devem ser divulgados antes do segundo turno, sem apontar nenhuma melhora.