O chinês Liu Xiaobo, de 61 anos, está internado em "estado crítico" desde que deixou a prisão, há duas semanas. O ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2010 sofre de câncer de fígado em fase terminal.

Por meio de um comunicado, o Hospital Universitário Nº1 de Shenyang informou que o paciente será transferido para a UTI. Os últimos exames revelaram um aumento no tumor e um quadro de pressão baixa e insuficiência renal.

Como divulgado pela "Folha de S. Paulo", organizações de defesa dos direitos humanos e familiares de Liu acusam o governo chinês deter esperado o estado de saúde do ativista piorar para liberá-lo da prisão. As autoridades se defendem, dizendo que ele está sendo atendido por oncologistas renomados.

O ativista gostaria de ser tratado fora do país, mas, segundo anunciado pelo Hospital de Shenyang neste sábado (8), o paciente não pode ser transladado. No dia seguinte, contudo, Liu foi submetido a avaliações de médicos americanos e alemães, que garantiram que ele poderia viajar "sem perigo".

Aliados do dissidente afirmam que a declaração do hospital está de acordo com o desejo do regime comunista de impedir que Liu deixa o país. Ativistas protestam em Hong Kong contra a decisão (foto acima).

Para o especialista em China para a Anistia Internacional, Patrick Poon, se o governo chinês não autorizar a transferência de Liu, "deverá carregar o peso histórico de ter perseguido um prêmio Nobel, como fazem outros regimes autoritários contra seus prisioneiros políticos, como a Coreia do Norte".

Em 2009, Liu Xiaobo foi condenado a 11 anos de prisão por "subversão" após reivindicar reformas democráticas no país e não pode comparecer à cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz em Oslo, em 2010. O ativista é um dos autores da "Carta 08", um manifesto exigindo a realização de eleições livre.