Paquistão destitui premiê por escândalo ligado aos 'Panama Papers'
Sharif nega as acusações, mas respeitou a decisão e renunciou ao cargo
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Mundo Suprema Corte
A Suprema Corte do Paquistão destituiu o premiê Nawaz Sharif nesta sexta (28) por um caso de corrupção revelado em 2016 na investigação internacional conhecida como "Panama Papers".
Sharif nega as acusações, mas respeitou a decisão e renunciou ao cargo. Agora, o mandatário deverá ser formalmente julgado pelas suspeitas de que sua família tem vínculos com empresas em paraísos fiscais.
O afastamento de Sharif foi aprovado pelos cinco juízes da Suprema Corte. Manifestantes ligados à oposição comemoraram a decisão do lado de fora do tribunal, em Islamabad, no nordeste do país.
O partido de Sharif, a Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N), deverá indicar alguém para ocupar o cargo de premiê até as eleições de 2018.
Desde 1971, nenhum premiê paquistanês chegou a completar um mandato de cinco anos. A maioria teve sua gestão interrompida pelo Exército ou pela Suprema Corte. Outros foram expulsos por seu partido, forçados a renunciar, ou assassinados.
O próprio Sharif não completou outros dois mandatos como chefe de governo. Após chegar ao poder em 1990, ele teve de renunciar em 1993, também por acusações de corrupção. Um segundo mandato iniciado em 1997 foi interrompido em 1999 por um golpe militar.
PANAMA PAPERS
Sharif foi um dos nomes expostos pelo escândalo de corrupção revelado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. A investigação teve como base mais de 11 milhões de documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, que estaria vinculado à criação de empresas offshore -daí o nome "Panama Papers".
Os documentos revelaram que Sharif usou o nome de seus filhos na década de 1990, quando eram menores de idade, para comprar propriedades em Londres por meio de empresas offshore. Ele nega irregularidades.
Além de Sharif, foram mencionados nos "Panama Papers" negócios de pessoas próximas, por exemplo, do ex-ditador do Egito Hosni Mubarak e do presidente da Rússia, Vladimir Putin, além da empreiteira brasileira Odebrecht. Com informações da Folhapress.