Ativista desaparece e causa comoção na Argentina
Episódio reabre velhas feridas que remetem aos desaparecimentos nos tempos da ditadura militar
© Marcos Brindicci/Reuters
Mundo Comoção
Entidades de direitos humanos da Argentina denunciaram nesta terça-feira (8) o desaparecimento de um jovem ativista, colocando a responsabilidade no presidente do país, Mauricio Macri. O episódio reabriu velhas feridas que remetem aos desaparecimentos nos tempos da ditadura militar (1976-1983).
O jovem de 28 anos foi identificado como Santiago Maldonado e desapareceu durante uma ação de repressão da polícia argentina contra uma comunidade mapuche na província de Chubut, no sul do país, há uma semana. O episódio se deu durante a desocupação de um prédio que seria de propriedade de uma multinacional.
+ Suspeito usa banheiro em assalto, não dá descarga e é identificado
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— teleSUR TV (@teleSURtv) 7 de agosto de 2017
Segundo os ativistas, o local onde fica o prédio ocupa uma área indígena reivindicada pela comunidade mapuche. Segundo o presidente do Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS) Horacio Verbitsky, o governo argentino “não pode ocultar a sua responsabilidade por uma série de dados objetivos”.
“[Testemunhas] viram como ele [Maldonado] foi detido, e agora não falaram ao tribunal porque estão com medo”, complementou, referindo-se ao chefe do gabinete do Ministério de Segurança, Pablo Nocetti, responsável pelos policiais que atuaram na operação de desocupação do edifício.
Já a presidente da ONG Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, pediu “garantias para as testemunhas, para os defensores dos direitos humanos e aos membros da comunidade” mapuche. “Que as pessoas saibam que a democracia tem um novo desaparecido”.
Até mesmo o Comitê das Nações Unidas sobre Desaparecimentos Forçados pediu explicações ao governo da Argentina, exigindo que Buenos Aires exerça uma ação urgente para localizar Maldonado e investigar os responsáveis.
De acordo com o promotor responsável pelo caso, Jorge Fernando Machado, há indícios de que Maldonado desapareceu e, possivelmente, esteve na viatura dos policiais, que “foram lavadas”. Sinais na cor vermelha também foram localizados do lado do motorista, outro indício que está sendo apurado.
Falando pelo governo Macri, a ministra de Segurança Patricia Bullrich defendeu a ação policial e destacou que Buenos Aires não vai permitir “uma república mapuche independente e autônoma no meio do território argentino”. Ela negou que o governo tenha qualquer responsabilidade no desaparecimento do ativista.
Para a titular da Liga Argentina pelos Direitos do Homem (APDH), Norma Ríos, o sumiço de Maldonado “é uma mensagem que nos manda o poder para dizer que ‘não se metam conosco’”. Com informações do Sputnik Brasil.