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Mais de 60 conservadores acusam Papa Francisco de 'heresias'

Novamente, exortação Amoris Laetitia está no centro de polêmica

Mais de 60 conservadores acusam Papa Francisco de 'heresias'
Notícias ao Minuto Brasil

11:19 - 24/09/17 por Ansa

Mundo na berlinda

Uma carta de 25 páginas assinada por 40 padres e 22 estudiosos laicos conservadores católicos acusa o papa Francisco de cometer "sete heresias" ao publicar a exortação "Amoris Laetitia" ("A alegria do amor") no dia 8 de abril de 2016, revelou o site católico "Correctiofilialis" neste domingo (24).

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A exortação prega uma maior abertura aos fiéis na Igreja, especialmente, no que tange na recondução à vida dentro do catolicismo àqueles que se separaram e casaram novamente. Essas pessoas, antes da exortação de Francisco, não podiam comungar e agora cabe a cada líder de paróquia decidir caso a caso.

A carta, que foi enviada ao Pontífice no dia 11 de agosto, foi tornada pública hoje porque Jorge Mario Bergoglio "não respondeu" os questionamentos ao grupo em um documento formal.

A "Correção Filial em razão da propagação de heresias", que foi o título dado ao documento, quer que o Papa, literalmente, "corrija" partes do texto. De acordo com os conservadores, o sucessor de Bento XVI "deu apoio à sete posições erráticas, que atingem o matrimônio, a vida moral e a recepção dos sacramentos, causando a difusão dessas opiniões erráticas na Igreja Católica".

Entre os argumentos apontados pelos tradicionalistas, está o fato de que "direta ou indiretamente, o Papa permitiu que se acreditasse que a obediência à Lei de Deus pode ser impossível ou indesejável e que a Igreja deve aceitar o adultério como algo compatível à vida dos católicos praticantes".

Para o grupo, o fato de uma pessoa divorciar-se e, depois de um período, casar-se novamente constitui o "adultério", já que pela análise mais conservadora, um casamento na Igreja jamais pode ser dissolvido.

Entre aqueles que assinaram o documento, está o ex-presidente do Instituto para Obras da Religião (IOR, também conhecido como Banco do Vaticano) Gotti Tedeschi e o líder dos Lefebvrianos, monsenhor Bernard Fellay. O grupo de religiosos Lefebvrianos rompeu com a Igreja Católica após as reformas aprovadas pelo Concílio Vaticano II na década de 1970. No entanto, em entrevista à ANSA, Tedeschi afirmou que não acusou o Pontífice de "heresias", mas que o documento é "uma súplica escrito por teólogos, que não fala de heresias, mas diz que indiretamente o documento pode facilitar heresias".

"Quero ser claro: eu não acuso o Papa e eu gosto dele. Eu estou pela Igreja, e pelo Papa, e não me afastarei da Igreja e nem do Papa. O documento é um ato de devoção e um convite à reflexão", disse ainda à ANSA.

Essa não é a primeira vez que o documento "Amoris Laetitia" é questionado pelos conservadores dentro da Igreja. Em novembro do ano passado, um grupo de quatro cardeais liderado pelo ultraconservador norte-americano Raymond Leo Burke enviou também uma carta questionando quatro pontos da exortação.

Apesar das críticas, poucos dias depois do grupo também divulgar na internet o documento, Jorge Mario Bergoglio afirmou que essas críticas"não tiram o meu sono". Ainda naquele mês, o argentino afirmou que era preciso ver "o espírito com que elas são ditas" e que quando "não há o espírito bravo, elas ajudam a caminhar".

"Alguns continuam a não compreender: ou é preto, ou é branco, mesmo que esteja no fluxo da vida o discernimento. O Concílio disse isso, mas os historiadores dizem que o Concílio, para ser bem absorvido pelo corpo da Igreja, tem a necessidade de um século. Bem, estamos na metade", disse aos jornalistas em novembro de 2016. Com informações da ANSA.

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