Tropas iraquianas avançam sobre área em poder dos curdos
A TV estatal iraquiana negou que houvesse choques entre o Exército iraquiano e as forças peshmerga curdas
© DR
Mundo Conflito
Tropas do Exército iraquiano entraram na cidade de Kirkuk na noite deste domingo (15) para retomar o controle da cidade e de poços de petróleo sob poder dos curdos, levantando a possibilidade do início de um conflito entre o GRC (Governo Regional do Curdistão) e a administração em Bagdá.
A TV estatal iraquiana negou que houvesse choques entre o Exército iraquiano e as forças peshmerga curdas, mas moradores relataram explosões e mísseis.
Kirkuk, cidade com mais de 1 milhão de habitantes, fica fora da região autônoma curda, mas as forças peshmerga estavam estacionadas lá desde 2014, quando o Exército iraquiano debandou frente ao avanço do Estado Islâmico. Os peshmerga evitaram que os poços de petróleo de Kirkuk caíssem nas mãos dos extremistas do EI.
Desde então, o governo central de Bagdá vem pedindo que os curdos abram mão do controle da cidade.
O plebiscito pela independência GRC, realizado no fim de setembro e considerado ilegal por Bagdá, aumentou a tensão. O "sim" ganhou com mais de 93% dos votos.
A região do norte do Iraque conhecida como GRC, ocupada pelos curdos, conquistou autonomia em 1991, com incentivo dos americanos. Mas os curdos passaram a pleitear independência total de Bagdá e enfrentam oposição não só do governo iraquiano mas também de outros países, como Turquia e Irã, onde há minorias curdas e temor de ondas separatistas.
Para Bagdá, uma secessão curda implicaria perda de território e de boa parte da produção de petróleo do país. Os curdos reivindicam várias áreas que foram conquistadas pelos soldados peshmerga durante o combate ao Estado Islâmico (EI), entre elas Kirkuk.
No domingo de manhã, o governo do primeiro-ministro iraquiano, Haider Al Abadi, havia anunciado que iria avançar para retomar o controle sobre Kirkuk e outras áreas atualmente em disputa com os curdos.
A liderança do GRC se reuniu no domingo (15) e mais uma vez repudiou as exigências do Iraque de que o resultado do plebiscito pela independência curda seja cancelado como pré-requisito para negociações com Bagdá.
Também rejeitou pedidos de retirada das forças peshmerga de um acesso estratégico ao sul de Kirkuk. Foram enviados milhares de soldados curdos para Kirkuk para enfrentar "as ameaças iraquianas".
O governo iraquiano acusou o GRC de levar da Turquia para a região de Kirkuk combatentes do Partido dos Trabalhadores Curdos, o PKK, e descreveram a ação como "uma declaração de guerra". O comando do GRC negou participação do PKK.
O Departamento de Defesa dos EUA exortou iraquianos e curdos a "evitar ações que levem a uma escalada de agressões" e disse se opor a medidas que atrapalhem a luta contra o EI. Com informações da Folhapress.