Iraque e Curdistão iniciam cessar-fogo após avanços das tropas de Bagdá
Com o cessar-fogo, o governo iraquiano pretende assumir o controle de postos de fronteira com os países vizinhos
© REUTERS (Foto de arquivo)
Mundo Conflito
O governo central iraquiano e a liderança curda concordaram com um cessar-fogo de 24 horas nesta sexta-feira (27). O primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, afirmou em um comunicado que a suspensão das hostilidades "deve permitir que um comitê técnico conjunto trabalhe no envio de tropas federais iraquianas a todas as áreas disputadas, incluindo Faysh Khabur, e à fronteira internacional".
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Com o cessar-fogo, o governo iraquiano pretende assumir o controle de postos de fronteira com os países vizinhos. O da cidade de Faysh Khabur é estratégico para os dois lados do conflito, já que por ele passa um oleoduto que transporta petróleo do Iraque e da região autônoma curda para a Turquia.
"Isto deve prevenir o derramamento de sangue de crianças de um mesmo país", disse Abadi. Desde a realização do plebiscito de independência, no qual 92% dos curdos votaram a favor da secessão do Iraque, Bagdá tem feito represálias ao Governo Regional do Curdistão (GRC).
Com a escalada de tensões, tropas iraquianas e milícias ligadas a Bagdá e ao Irã iniciaram uma campanha militar e avançaram sobre a província de Kirkuk no dia 15 de outubro.
PETRÓLEO
A cidade multiétnica de Kirkuk, capital da província de mesmo nome, foi facilmente tomada por forças ligadas à Bagdá. Apesar de não integrar a região autônoma curda, grande parte da província estava sob o domínio curdo desde o meio de 2014, quando combatentes da milícia terrorista Estado Islâmico perderam batalhas na região e foram expulsos pelos soldados curdos, chamados de peshmerga.
A queda da cidade, considerada por muitos curdos como o centro de sua terra natal, foi um golpe tanto simbólico quanto financeiro para o movimento separatista, já que cortou pela metade a receita obtida com a venda do petróleo de poços localizados na região.
O secretário de estado dos EUA, Rex Tillerson, disse na quinta-feira (26) em Genebra que estava "decepcionado" pelo fato de os dois lados não terem conseguido chegar a uma solução pacífica.
Os Estados Unidos, que financiaram e apoiaram forças dos dois lados na guerra contra a milícia terrorista Estado Islâmico, se encontram em uma posição delicada. Os americanos têm atualmente 5.000 soldados no Iraque e fornecem apoio aéreo, treinamento e armas para o Exército iraquiano.
Ele incentivou o governo central iraquiano a aceitar a oferta do GRC de diálogo. Na quarta-feira (25), o Governo Regional do Curdistão (GRC) propôs a suspensão dos efeitos do plebiscito, um imediato cessar-fogo e o início de um "diálogo aberto com o governo federal baseado na Constituição iraquiana".
O premiê iraquiano rejeitou a oferta da liderança curda. Com informações da Folhapress.