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Após alarde de Trump, arquivos sobre JFK frustram historiadores

Presidente passou a semana atiçando seus seguidores no Twitter, prometendo grandes revelações sobre os acontecimentos, mas reteve parte dos papeis

Após alarde de Trump, arquivos sobre JFK frustram historiadores
Notícias ao Minuto Brasil

05:35 - 28/10/17 por Folhapress

Mundo 3 mil documentos

Historiadores americanos passaram as últimas 24 horas em claro tentando decifrar quase 3.000 documentos das investigações sobre o assassinato do presidente John Kennedy que acabam de vir a público. Mas não viram nada ali que pudesse tirar o sono.

+ Assassinato de Kennedy foi um problema para KGB

Dos papéis recém-divulgados, só 52 nunca tinham sido vistos –a maioria é quase ilegível e está fora de contexto, o que confunde mais do que ajuda a esclarecer dúvidas que pairam sobre um dos episódios mais traumáticos da história dos Estados Unidos.

Em 22 de novembro de 1963, Kennedy, então com 46 anos, foi alvejado na cabeça durante uma carreata em Dallas pelos disparos de Lee Harvey Oswald, morrendo nos braços da primeira-dama, Jackie.

"Devo dizer que minhas expectativas não eram muito grandes, mas a minha decepção é maior do que eu esperava", disse Gerald Posner, um dos maiores especialistas na morte de Kennedy. "A maioria dos dados é notícia velha reciclada como notícia nova. Não há nada de substância sobre o assassinato."

O presidente Donald Trump passou a semana atiçando seus seguidores no Twitter, prometendo grandes revelações sobre os acontecimentos. Mas acabou retendo uma parte dos papéis seguindo orientações de agências de inteligência, o que gerou mais curiosidade sobre o que podem revelar os documentos mantidos em sigilo.

"Não esperava que isso fosse acontecer", diz Posner. "Mas isso mostra como o FBI e a CIA, que Trump gosta de chamar de Estado profundo, foram mais hábeis que ele no jogo que ele gosta de jogar. Ele poderia ter liberado tudo, mas, se houvesse uma revelação perigosa, isso passaria a assombrar sua Presidência."

Entre os dados que dominaram discussões nos canais de notícias, no entanto, está um memorando assinado por J. Edgar Hoover, então diretor do FBI, que se dizia preocupado com a possibilidade de que a morte de Lee Harvey Oswald, dois dias depois do atentado, turbinasse teorias da conspiração.

No documento, Hoover diz que era preciso "convencer o público de que Oswald é o assassino verdadeiro". Ele se preocupava em provar que o atirador agira sozinho, sem apoio da máfia, de cubanos ou de soviéticos, mas o fato de ele ter morrido antes de ir a julgamento complicava o trabalho do FBI.

"Sempre soubemos que Hoover queria encerrar o caso o mais rápido possível", diz Posner. "Ele precisava que Oswald fosse julgado e condenado, mas, com a morte dele, aumentou sua ansiedade. Ele tinha medo de ser punido por incompetência no caso."

Outra mensagem de Hoover, enviada três anos depois da morte de Kennedy, falava sobre a suspeita da KGB, a polícia secreta soviética, de que Lyndon Johnson, então vice-presidente, pudesse ser o mandante do assassinato.

MÉXICO

No material recém-divulgado, também não há quase nada sobre a viagem de Oswald à Cidade do México, onde visitou a embaixada cubana. Os detalhes de sua passagem pelo país, na visão de historiadores, poderiam esclarecer algumas dúvidas.

"Essa é a maior de todas as decepções", diz Posner. "Não há nada sobre esse episódio."

Max Holland, também estudioso da morte de Kennedy, concorda que, se houver alguma revelação nesses documentos, ela terá ligação com o México, mas descarta a possibilidade que algo possa mudar a versão dos fatos aceita desde o crime.

Outro historiador que se debruça sobre os papéis, Larry Sabato, da Universidade da Virgínia, destacou, no entanto, documentos que provam que o país vizinho auxiliou os EUA nas investigações, grampeando embaixadas da União Soviética e de Cuba, e que Oswald teria dinheiro num banco mexicano.

Sabato, que comparou a investigação dos documentos a montar um "quebra-cabeça de milhões de peças", lembrou ainda uma informação do serviço secreto britânico segundo a qual, 20 minutos antes da morte de Kennedy, um jornal em Cambridge, no Reino Unido, fora alertado que em breve haveria "grandes notícias" vindas da América. Com informações da Folhapress.

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