Maria Luzia Silva Carvalho da Costa não via Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, há nove anos. Mãe e filha viviam há mais de oito mil quilômetros de distância. Maria Luiza em Amaporã, no Paraná, Ivanice, em Lisboa - onde foi morta, na madrugada desta quarta-feira (15), durante ação da Polícia local. Além do luto, a família enfrenta a burocracia e o preço do translado do corpo de Ivanice de volta ao Paraná.

Emocionada, a mãe pede que o governo português providencie o envio do corpo da filha para a cidade em que nasceu. "A gente queria que trouxessem ela, já que a culpa é deles, queria que mandassem minha filha para mim, pelo menos isso. O que ele fizeram foi homicídio porque eram sete policiais envolvidos", desabafou a Maria Luiza, entre lágrimas, ao G1.

Sem condições financeiras para transporte do corpo, Célia Maria da Silva Nunes, de 42 anos, que trouxe a sobrinha para Portugal, há 17 anos, pediu ajuda ao Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, mas denunciou ter recebido uma resposta negativa.

Em nota, a Embaixada do Brasil em Portugal informou que o “Consulado-Geral do Brasil em Lisboa prestará o "apoio cabível”. “Tomou-se conhecimento, hoje, 16 de novembro, de que a pessoa morta em ação policial durante a madrugada de ontem, em Lisboa, era nacional brasileira. A Embaixada lamenta profundamente o ocorrido. A família da vítima já entrou em contato com o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, que prestará o apoio cabível."

O carro em que a brasileira estava foi alvo de pelo menos 20 tiros, disparados pela Polícia de Lisboa. Outros 20 projéteis foram encontrados no chão. Atingida no pescoço, Ivanice chegou a ser socorrida, mas não resistiu.