Oposição boicota eleição para prefeitos; população se abstém
Escolha dos prefeitos para os 335 municípios da Venezuela é a última eleição nacional prevista antes da corrida presidencial do próximo ano
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Mundo Venezuela
As eleições para prefeito ocorrem em ritmo lento na Venezuela neste domingo (10) enquanto a população parece indecisa entre apoiar os candidatos do presidente Nicolás Maduro e os nomes da fragilizada oposição - que ainda vive com o estigma dos péssimos resultados no último pleito que escolheu novos governadores.
A escolha dos prefeitos para os 335 municípios da Venezuela é a última eleição nacional prevista antes da corrida presidencial do próximo ano, na qual Maduro deverá buscar a reeleição apesar da sua implacável impopularidade.
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Mas vários locais de votação não registram grande participação, afirma a agência Associated Press.
"Esperemos que as pessoas estejam dormindo até tarde e que este não seja não fenômeno de abstenção", disse o bibliotecário aposentado José Tomas Franco, que classificou o nível de participação popular em Caracas como "alarmante".
O pleito ocorre em um cenário de inflação crescente, falta de alimentos e remédios e acusações de que Maduro está minando a democracia no país.
Apesar da crise ter feito a popularidade do presidente despencar, a oposição não consegue capitalizar a situação. Nas eleições governamentais de outubro, a oposição levou apenas 5 de 23 estados em um pleito marcado por denúncias de manipulação e compra de votos.
Três dos quatro maiores partidos da oposição estão boicotando as eleições deste domingo porque afirmam que o sistema eleitoral da Venezuela não é confiável.
A falta de união demonstra que os oposicionistas não devem encontrar um nome em comum para as eleições presidenciais, acreditam analistas.
"A oposição está condenada a tentar encontrar uma solução para seus problemas internos", afirmou Edgard Gutierrez, coordenador da empresa de pesquisas Venebarometro. "É isso ou simplesmente não competem em 2018."
Em 2005, a oposição retirou-se das eleições legislativas e viu o então presidente Hugo Chávez registrar uma vitória acachapante.
A votação vem no final de um ano turbulento para a Venezuela, que detém as maiores reservas de petróleo do mundo, mas foi prejudicada pela queda dos preços do produto e baixas na produção. O país também viu meses de protestos que deixaram mais de 120 mortos no início deste ano, e agora está enfrentando sanções econômicas pela administração do presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto busca refinanciar sua maciça dívida internacional.
O vendedor Raul Contreras afirma não acreditar em grandes mudanças, independentemente do resultado de domingo.
"Como venezuelanos, estamos muito desapontados com nossos políticos", disse ele. "As coisas só podem mudar aqui após as eleições presidenciais". Com informações do Sputnik.