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Igreja Universal é acusada de 'roubar' crianças em Portugal

Crianças teriam sido tomadas de famílias pobres e adotadas de forma suspeita por bispos da Igreja. Duas delas estariam com a filha de Edir Macedo, líder da IURD

Igreja Universal é acusada de 'roubar' crianças em Portugal
Notícias ao Minuto Brasil

05:12 - 12/12/17 por Notícias Ao Minuto

Mundo Tráfico

O bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e proprietário do Grupo Record de Comunicação, é alvo de uma grave denúncia veiculada pela emissora portuguesa TVI. Nesta segunda-feira (11), o Jornal da Noite exibiu reportagem na qual duas entrevistadas denunciam o bispo por "roubar" crianças de famílias pobres de Portugal para serem adotadas, de formas suspeita, por bispos e pastores da IURD no Brasil. Duas delas, Vera e Luis, teriam sido adotadas pela própria filha de Macedo, Viviane Freitas, e levadas paras os Estados Unidos.

A reportagem trouxe o caso à tona através do depoimento da suposta mãe das crianças, que teve a imagem borrada enquanto contava a história. Segundo a versão da mulher, diante das dificuldades para criar os filhos ela foi obrigada por uma assistente social a deixar três crianças - Vera, na época com 3 anos e meio; Luis, de 2 anos e Fábio, de 9 meses - em uma instituição. Na altura, ela morava em uma casa vizinha à Igreja Universal do Reino de Deus da Amadora (Grande Lisboa).

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"Prometeram me ajudar e tiraram os meus filhos", disse a mulher, que só teria conseguido rever as crianças uma vez, um mês depois de tê-las deixado no que acreditava ser uma creche. A partir dali, só teria visto os filhos por fotografia, 20 anos depois.

A mulher que se apresenta como mãe das crianças, hoje maiores de idade, disse que a assistente social entrou em contato com ela na época da adoção após uma denúncia anônima feita ao Conselho Tutelar português. Ela teria sido denunciada por deixar as crianças sozinhas em casa quando saía para trabalhar. Este teria sido o primeiro passo para as crianças serem retiradas da mãe e colocadas no lar, supostamente administrado pela IURD.

"Eles prometerem que quando as coisas entrassem nos eixos eu voltaria a ver as crianças nos finais de semana. Eu acreditei que iriam ajudar, mas a única coisa que fizeram foi destruir a minha vida e a deles, pelo visto", disse à reportagem

Identificada apenas como "Ana", uma babá que se apresenta como ex-funcionária da instituição disse ter cuidado das crianças. Ela ainda declarou que os "lindos irmãos" chamaram logo a atenção do Bispo Edir Macedo, destacando que dois deles, Vera e Luís, foram escolhidos pelo líder para a filha deles, Viviane Freitas. A reportagem não revelou por quem Fábio foi adotado, mas a babá contou à suposta mãe que a criança havia morrido.

"Sei onde eles estão, quem os levou e não fazia ideia sequer de nada. Como devem saber, não me deixavam vê-los", disse a suposta cuidadora, também em imagem borrada, intercalada com fotografias das crianças.

Outros casos

O caso apresentado pela reportagem seria apenas um entre muitos de crianças retiradas das mães biológicas, acolhidas pela instituição e em seguida adotadas por bispos e pastores da Igreja Universal. O lar de crianças teria sido criado em 23 de maio de 1994 pela IURD, mas só foi licenciado em 2001; ou seja, teria funcionado ilegalmente durante sete anos, sem qualquer fiscalização da Segurança Social, órgão competente em Portugal.

As crianças teriam sido adotadas após ordem de Edir Macedo. Segundo declarações de um ex-bispo da IURD, Alfredo Paulo, o líder teria determinado que todos os pastores e bispos da Igreja deveriam fazer vasectomia antes mesmo de se casarem, porque os filhos atrapalhariam os seus trabalhos. Depois, Macedo teria voltado atrás e determinado que os líderes da Igreja adotassem crianças.

Assim, a determinação teria sido seguida pelas próprias filhas de Edir Macedo, Viviane e Cristina, e pelos seus maridos, bispos supostamente submetidos à cirurgia. Mais detalhes sobre o caso devem ser esclarecidos nas próximas reportagens da série da TVI.

'Campanha difamatória'

A Igreja Universal enviou uma nota, na qual disse que as reportagens não passam de "uma campanha difamatória, mentirosa". "Não podemos tolerar", declarou. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, os responsáveis da IURD disse que as informações reveladas pela TVI estão baseadas em depoimentos de um ex-pastor que se afastou da igreja no Brasil por "condutas impróprias". Ele deixou de colaborar com a igreja em 2013, "por acordo voluntário das partes".

"Os seus membros, em Portugal e fora do país europeu, apresentarão inúmeras ações contra TVI em Portugal e no exterior", lê-se ainda na nota. Ainda, que as adoções em Portugal "foram decretadas pelo Tribunal de Família e Menores de Lisboa (capital portuguesa)", completando que "as crianças foram encaminhadas pela Segurança Social e pela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa para um lar - que evidentemente à época não era ilegal -, e vários pais adotivos se candidataram a adotá-las".

"Contam-se pelos dedos de uma mão as crianças que foram adotadas por essa via - com decisão judicial, sublinhe-se - por casais ligados à Universal."

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