Um ano após atentado em Berlim, Merkel admite 'erros'
Chanceler alemã assumiu falhas na questão da segurança e na atenção às vítimas no atentado 'jihadistas' que matou 12 pessoas.
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Mundo Alemanha
Um ano após o atentado ocorrido junto ao mercado de Natal em Berlim, Angela Merkel afirmou que "o dia é de tristeza", mas frisou que "é também para mostrar a vontade de fazer melhor o que não saiu bem".
A chefe do Governo alemão declarou que o atentado, protagonizado por um tunisino de 24 anos que conduziu um caminhão roubado em direção ao espaço frequentado por dezenas de pessoas, evidenciou "as debilidades do Estado".
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A chanceler alemã reconheceu as principais críticas recebidas nas últimas semanas, especialmente por parte de pessoas afetadas. Em carta aberta, eles revoltaram-se com a governante pelo fato de Merkel não os ter recebido, o que aconteceu apenas na segunda-feira.
Os feridos, familiares e amigos das vítimas queixaram-se igualmente da burocracia com que se depararam para reclamar ajudas e sobre a quantia insignificante das indenizações, em comparação com as concedidas em situações semelhantes por outros países europeus, como França ou Espanha.
A chanceler afirmou que o Governo alemão não só deveria melhorar a segurança dos seus cidadãos, mas também dar a todas as vítimas "a oportunidade" de voltar a viver como antes do atentado de Anis Amri, abatido pela polícia italiana em Milão, quatro dias depois do incidente na capital da Alemanha.
Angela Merkel, que disse ter mantido com vítimas e familiares uma conversa "muito aberta e sem tabus", reforçou sobre "o que foi aprendido" e o "que pode ser feito de melhor no futuro", para que a resposta do Estado seja "suficiente".
Em ocasião anterior, o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, também fez eco das queixas, assumindo que algum auxílio "chegou tarde" e que era "insatisfatório", exortando a classe política a "esclarecer as falhas e aprender com os erros".
Steinmeier fez referência ao acúmulo de erros das autoridades administrativas e de segurança, que não expulsaram do país o autor do ataque terrorista quando deveriam tê-lo feito, por ter sido rejeitada a sua petição de asilo. Além disso, declarou que as autoridades sabiam que o tunisino tinha vínculos com extremistas e que deveriam ter aproveitado a oportunidade de detenção por delitos menores.
"O atentado jamais devia ter acontecido", disse o Presidente da Alemanha, questionando "uma e outra vez" se realmente se está a fazer todo o possível em um Estado constitucional e democrático para evitar os ataques terroristas.
Frank-Walter Steinmeier disse que não ceder à chantagem dos extremistas não significa silenciar as vítimas. Ele garantiu às vítimas que as suas queixas "não caem em saco furado" e "não deixam impassíveis quaisquer responsáveis" da Alemanha.
"Garanto-lhes que não os deixaremos sós", afirmou.
O programa elaborado para marcar um ano sobre o atentado começou hoje (19) com um serviço religioso em Gedächtniskirche, a emblemática igreja bombardeada na Segunda Guerra Mundial, localizada junto ao local onde funciona o mercado. Na praça do mercado será inaugurado um monumento em memória das vítimas do atentado, com os nomes e nacionalidades dos 12 mortos inscritos no chão.
Para as imediações do local estão previstas três manifestações, entre as quais uma contra o islamismo e outra organizada pelo partido neonazi NPD, tendo como tema "Fechar as fronteiras, não aos mercados de Natal". Com informações da Lusa.