Isolado, ex-assessor recua de críticas a Trump em livro
Publicação de autoria de Wolff, na qual Steve Bannon é uma das principais fontes, foi chamada de 'ficção' pela Casa Branca
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Mundo Bastidores
Isolado após fazer ácidas críticas ao presidente Donald Trump, o ex-assessor da Casa Branca Steve Bannon soltou uma nota neste domingo (7), em que diz "lamentar" a repercussão negativa de suas declarações e reafirma seu "inabalável apoio" a Trump.
De ícone do movimento alt-right, a direita radical ligada a pautas nacionalistas e racistas, Bannon passou a pária depois de afirmar, em um novo e polêmico livro sobre os bastidores da Casa Branca, que o filho de Trump teve "atitudes antipatrióticas" ao participar de uma reunião com uma informante russa.
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Ele ainda teria dito que as chances de o republicano terminar seu mandato em 2021 são de uma em três e que o presidente "perdeu" a mão.
Trump ficou furioso com as declarações de Bannon, chamou-o de "Steve descuidado" e "vazador", e o acusou de "perder a cabeça".
"Lamento que a minha demora em responder aos imprecisos relatos sobre Don Jr. [filho de Trump] tenha desviado a atenção das históricas conquistas do presidente neste primeiro ano de mandato", afirmou o ex-estrategista-chefe da Casa Branca.
Ele ainda disse que o filho do republicano é "patriota e um bom homem", e que seus comentários sobre a reunião com os russos - alvo da investigação do FBI sobre interferência de Moscou na eleição nos EUA em suposto conluio com a equipe de Trump - "não miravam Don Jr.".
"Não houve conluio e a investigação [do FBI] é uma caça às bruxas", segue a nota.
Antes, ao jornalista Michael Wolff, autor do livro "Fire and Fury" (fogo e fúria, na tradução literal), Bannon dissera que a investigação do FBI é "um furacão de categoria cinco" e iria "quebrar Don Jr. feito ovo em rede nacional".
ISOLADO
Bannon, um dos principais artífices da campanha e do início do governo Trump, vive um isolamento político desde a eclosão dos primeiros relatos sobre o livro, que teve o lançamento antecipado desta semana para sexta-feira (5) após o presidente tentar barrar sua venda com ameaças de processos.
Ele vem sendo criticado diariamente por Trump, que avançou com fúria contra o ex-assessor nas redes sociais - e também reservadamente.
Segundo o site Axios, Trump passou os últimos dias ligando a aliados para pedir que escolhessem entre ele e Bannon. Por causa disso, Bannon está sob ameaça de perder patrocínio do site de notícias conservador Breitbart, do qual é editor.
A família Mercer, uma das principais financiadoras da campanha de Trump, foi a primeira a se manifestar, dizendo que não apoia as ações e comentários de Bannon.
A demora do ex-assessor em reagir à repercussão do livro (e, em especial, em negar suas declarações) provocou uma reação imediata na Casa Branca. Ainda na quarta (3), Trump publicou extensa nota minimizando o papel de Bannon no governo e dizendo que ele tinha "muito pouco a ver" com sua vitória.
O livro de Wolff, de que Bannon é uma das principais fontes, foi chamado de "ficção" pela Casa Branca e teve a apuração questionada, com desmentidos e críticas à violação de acordos para não usar declarações de bastidores. Neste domingo, o autor voltou a se defender, dizendo que mantém a apuração. Com informações da Folhapress.