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Papa pede perdão por abusos sexuais cometidos por sacerdotes no Chile

Demora da Igreja em afastar o religioso e falta de advertências a seus comandados são citadas como principais razões da queda de confiança dos chilenos na instituição

Papa pede perdão por abusos sexuais cometidos por sacerdotes no Chile
Notícias ao Minuto Brasil

21:50 - 16/01/18 por Folhapress

Mundo Igreja Católica

Em seu primeiro dia de visita ao Chile, nesta terça (16), o papa Francisco tocou em um tema delicado da viagem e pediu perdão pelos mais de 75 casos de abuso sexual de menores pelo ex-sacerdote Fernando Karadima, 87.

A demora da Igreja Católica em afastar o religioso -as primeiras denúncias são de 2004 e a punição só veio em 2011- e a falta de advertências a seus comandados são citadas como principais razões da queda de confiança dos chilenos na instituição.

Segundo pesquisas recentes, hoje apenas 45% da população se declara católica. Protestos e ataques a igrejas precederam a chegada do pontífice.

"Não posso deixar de manifestar a dor e a vergonha ante o dano irreparável causado a menores por parte de representantes da Igreja", disse Francisco em sua primeira intervenção pública, sendo muito aplaudido.

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"Estou com meus irmãos bispos para pedir perdão e fazer todos os esforços para apoiar as vítimas, enquanto nos comprometemos a garantir que isso nunca volte a acontecer".

A menção ao caso, porém, foi insuficiente para as vítimas, que pediram uma audiência privada com o papa -não concedida-, o afastamento de religiosos que encobriram Karadima e o início de uma ação penal contra o sacerdote pedófilo, que nunca ocorreu por causa de suposta pressão do Vaticano.

Uma das vítimas, Juan Carlos Cruz, que hoje vive nos EUA, viajou a Santiago para falar com Francisco. "São palavras vazias que só causam mais dor", disse a uma rádio local, referindo-se ao pedido de perdão.

"Já se foi o tempo de pedir desculpas, ainda há bispos em seus cargos que viram os abusos e encobriram."

Em artigo no "New York Times", o acadêmico e ensaísta chileno Ariel Dorfman, 75, falou da influência que Karadima exerceu sobre uma geração de chilenos que depois se tornariam protagonistas da sociedade –o sacerdote atuava em escolas e com grupos de jovens de classe média e alta de Santiago.

"Era o guia espiritual de amigos meus", conta Dorfman, que afirma ter se chocado ao saber dos casos de abusos e diz ter sido tratado "como o centro do universo" na primeira vez que o encontrou.

SAIAS-JUSTAS

Outros temas polêmicos da visita foram apenas citados por Francisco, que pediu aos chilenos que "escutem os povos originários, os jovens que pedem reformas e os imigrantes" -alusão às reivindicações por terra e soberania dos mapuches, a quem visita nesta quarta (17), aos estudantes que protestaram por ensino gratuito em 2011 e à chegada cada vez maior de imigrantes da Venezuela e do Haiti.

Embora o presidente eleito, Sebastián Piñera, tenha manifestado desejo de se reunir com o pontífice, este respeitou o protocolo e só se reuniu com Michelle Bachelet, que deixa o posto em março.

Em tom amigável, os dois conversaram e caminharam. Não foi divulgado o teor da conversa, portanto não se sabe se o papa abordou a reivindicação de território pela Bolívia, causa pela qual já manifestou simpatia.

À tarde, Francisco e Bachelet visitaram uma penitenciária feminina, onde 400 mulheres o receberam abanando lenços e cantando. O sacerdote ouviu depoimentos de algumas e as abençoou.

No fim do dia, na Catedral de Santiago, o papa voltou a referir-se aos abusos sexuais.

"[Enfrentem] a realidade como ela se apresenta", afirmou, acrescentando que a Igreja vive "momentos de turbulência", mas "devemos passar de uma Igreja abatida e desolada para uma Igreja capaz de colocar-se a serviço dos abatidos e desolados". Com informações da Folhapress.

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