Extradição de brasileira acusada de matar marido nos EUA é inédita
Em 2007, amigos estranharam a ausência de Karl num compromisso e avisaram à polícia de seu sumiço.Ao chegar na casa onde moravam, viram o corpo de Karl com tiros, ao pé da escada
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Mundo Desfecho
Acusada de matar o marido, Karl Hoerig, um militar da Força Aérea, a brasileira Claudia Sobral, de 53 anos, será extraditada para os Estados Unidos. A decisão é inédita no Brasil.
A carioca foi para Nova Iorque em 1989, para estudar. No ano seguinte ela se casou com um médico americano e abriu mão de sua nacionalidade brasileira. Nos anos 2000, ela e o marido se separaram e Cláudia conheceu outro americano na internet, Karl Hoerig. Em 2005 se casaram em Las Vegas e foram morar no interior do estado de Ohio.
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No depoimento à polícia, o marido de Cláudia disse que ela abusava tanto física, quanto mentalmente dele e que o casamento acabou por ela ser desonesta com as finanças do casal. Ele afirmou que ela transferia dinheiro para conta dela no Brasil.
Assassinato
Em março de 2007, amigos estranharam a ausência de Karl num compromisso na Força Aérea e avisaram à polícia de seu sumiço. Ao chegar na casa onde morava Karl e Cláudia, os policiais encontraram o corpo do americano ao pé da escada, com um tiro na cabeça e dois na costas.
A arma usada no crime teria sido comprada por Cláudia, que também fez aulas de tiro. A perícia realizada no revólver, também mostrou que os tiros saíram daquela arma. Nesse momento, a justiça determinou que Cláudia fosse presa, mas ela já não se encontrava nos EUA.
Fulga
No mesmo dia em que o corpo de Karlfoi encontrado, Cláudia iniciou uma viagem de carro para um aeroporto próximo, seguindo para Nova Iorque e terminando no Brasil. Ao chegar ao país, ela morou um tempo no interior Rio de Janeiro e depois seguiu para Brasília, casando-se novamente.
Por Brasília, ela retomou a carreira e abriu um escritório de contabilidade num dos bairros mais nobres da cidade. Por seis anos, Cláudia seguiu sem ser atormentada pelo que teria feito nos EUA.
O passado veio à tona em 2009, quando a justiça brasileira recebeu uma solicitação de extradição de Cláudia, por um suposto crime que ela teria cometido nos EUA. Prontamente, o governo respondeu que não extraditava brasileiros, ainda sem saber que Cláudia havia aberto mão de sua nacionalidade brasileira.
Em 2013 o ministro da Justiça, considerou, através de uma portaria, que Cláudia fosse extraditada. Ela ainda tentou reaver a cidadania brasileira, mas não obteve sucesso. A carioca foi presa e aguardou o fim do processo de extradição.
Alegação de inocência
A acusada, em depoimento nos EUA, justificou que sofria humilhações por parte de Karl, sendo obrigada a andar de salto alto dentro de casa, por exemplo. Ela disse também que Karl queria ter filhos, coisa que Cláudia nunca quis.
Extradição
O martelo foi batido sobre a decisão de extraditar Cláudia, no dia 17 de janeiro deste ano. Ela foi num avião da FAB, diretamente para Ohio, acompanhada por agentes da Interpol.
Agora Cláudia aguarda em Ohio o seu futuro e o resultado na justiça. O promotor local afirma que a pena para crimes como o de Cláudia, normalmente recebem a sentença de prisão perpétua.
Contudo, o Supremo Brasileiro, ao deferir a extradição de Cláudia, impôs algumas cláusulas: não aplicar pena de morte ou prisão perpétua, uma pena máxima de 30 anos, incluir a pena que Cláudia já havia cumprido no Brasil.
"Trata-se de caso inédito, uma vez que o Brasil não extradita nacionais. Por isso, o caso durou alguns anos e foi bastante debatido, pois primeiro foi necessária a comprovação efetiva da perda da nacionalidade, para somente depois autorizar-se a extradição", explicou na quarta-feira o secretário nacional de Justiça, Rogério Galloro.