Mulheres pelo mundo relatam o tipo de violência que enfrentam
Mutilação genital, feminicídio e assédio sexual são apenas alguns deles
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Mundo Dia da Mulher
Neste Dia Internacional da Mulher, três ativistas que trabalham pelo direito das mulheres relatam qual o principal tipo de violência que enfrentam em seus países e o que fazem para combatê-la.
Somália
Apesar de a Somália estar em guerra há 26 anos e o governo não ser efetivo e estar nas mãos de milícias radicais islâmicas, a maior violência que as mulheres enfrentam a mutilação genital, conta Faiza Mohamed, diretora para a África da ONG global Equality Now, de acordo com o G1.
A mutilação feminina consiste em tirar partes ou todo o órgão sexual da mulher e, mesmo não sendo uma prática do país, diversas nações africanas e algumas asiáticas são atingidas. De acordo com o Unicef, pelo menos 200 milhões de mulheres e meninas que estão vivas hoje já passaram pelo ato. Na Somália, 98% das mulheres entre 15 e 49 anos são vítimas de mutilação feminina e o país tem a maior taxa do mundo.
A representante da ONG afirma que, para combater a prática, é necessário pressionar legisladores a elaborarem políticas contra a mutilação genital feminina e a conscientização de homens e mulheres, de que se trata de um ato violento.
Argentina
O femicídio, que é o assassinato de uma mulher por questão de gênero, é a principal luta das mulheres argentinas. Em 2016, o caso de abuso e morte de uma jovem de 16 anos em Mar del Plata revoltou a América Latina, gerou manifestações em diversos países, inclusive no Brasil, e impulsionou a campanha “Ni Una a Menos”.
No ano de 2017, a Argentina registrou 292 feminicídios, de acordo com o Observatório de Feminicídios do país, vinculado ao Defensor del Pueblo de la Nación, órgão independente que atua como uma espécie de ombudsman do governo.
Ainda segundo o G1, a ativista e escritora Cecilia Palmeiro explica que foi por causa da pauta do feminicídio que o movimento adotou também a causa da desigualdade entre homens em mulheres em relação ao trabalho e à renda.
Este ano, para reivindicar paridade salarial e equidade de gênero no mercado de trabalho, o movimento, junto com diversos sindicatos trabalhistas, organizou para este dia 8 de março uma paralisação de mulheres em Buenos Aires. Cerca de 500 mil pessoas são esperadas para percorrer o trajeto entre a Plaza de Mayo. O local abriga a sede da presidência e o Congresso do país.
Islândia
Mesmo que a Islândia seja considerada como um dos países mais avançados do mundo em se tratando da igualdade de gêneros, as mulheres também enfrentam violência por questão de gênero. O maior luta é contra o assédio sexual, afirma Dagny Aradottir Pind, membro da Associação dos Direitos das Mulheres da Islândia.
“Depois que o movimento Me Too estourou, as mulheres da Islândia rapidamente assumiram a mesma discussão. As mulheres da política começaram a compartilhar suas experiências e muitos outros grupos a seguiram”, diz Dagny, destacando a campanha em que milhares de mulheres compartilharam nas redes sociais suas experiências como vítimas de assédio.
Pioneira no assunto, em 2018, a Islândia passou a obrigar as empresas a obterem um certificado que comprove que elas pagam salários iguais a homens e mulheres que exercem a mesma função. A ativista, no entanto, considera que ainda há muito a ser conquistado para que se alcance a paridade entre homens e mulheres em seu país.
“A Islândia é conhecida por ser um dos melhores países para as mulheres. Apesar disso, não estamos perto de uma igualdade entre os sexos”, afirma.