Nos EUA, Macron seduz Trump com globalismo
Esta é a primeira visita de Estado desde a posse do republicano, há 15 meses
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Mundo Encantador
O presidente francês, Emmanuel Macron, poderá testar mais uma vez seu já famoso aperto de mão com o americano Donald Trump em Washington, aonde chegou nesta segunda-feira (23) para sua viagem oficial aos EUA.
"Esta visita é muito importante no nosso contexto atual, com tantas incertezas, problemas e, às vezes, ameaçadas", disse Macron ao desembarcar.
Embora Trump tenha recebido outros líderes em visitas de trabalho, esta é a primeira visita de Estado, a de mais alto nível no protocolo diplomático, desde a posse do republicano, há 15 meses.
Quando os dois se cumprimentaram em maio de 2017, em Bruxelas, Macron prolongou o aperto de mão como mensagem política: recém-eleito, queria se mostrar firme. "Não foi inocente", diria em entrevista à época, após o vídeo do encontro impressionar os espectadores. "Foi um momento de verdade."
Agora, na capital americana, Macron tentará estreitar os laços entre a França e os EUA, reforçados pelos ataques coordenados à Síria, mas também buscará convencer o americano a manter o acordo nuclear com o Irã – um desafio e tanto e uma vitória que o francês quer para si.
Trump quer desfazer o acordo negociado pelo antecessor, Barack Obama, que previa a suspensão de algumas das sanções impostas ao Irã mediante a inspeção do programa nuclear de Teerã. Macron insiste em manter o tratado.
O chanceler iraniano, Javad Zarif, pediu que os líderes europeus apoiem o acordo: "É tudo ou nada. Líderes europeus deveriam encorajar Trump não apenas a permanecer no acordo nuclear, mas, ainda mais importante, a começar a implementar sua parte da barganha em boa-fé."
Outra missão do presidente francês será convencer Trump a não abandonar o Acordo de Paris sobre o clima.
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Macron tem vantagens a seu favor, incluindo um bom histórico na arena internacional. Ele recentemente participou na resolução de uma crise entre o Líbano e a Arábia Saudita, por exemplo, ao convidar o premiê libanês, Saad Hariri, para visitar Paris oficialmente após ele ter sido supostamente impedido de deixar Riad.
Também confia no poder da retórica com a qual, em sua primeira eleição, convenceu 2 em cada 3 franceses a o escolherem presidente em maio de 2017, derrotando a nacionalista Marine Le Pen.
Após as posses de Trump e Macron, esperava-se que os dois fossem antagonistas.
Houve atritos, como quando Macron criticou a intenção americana de deixar o Acordo do Clima. Mas predominaram as demonstrações públicas de sintonia, como os telefonemas recentes para coordenar as ações na Síria.
Analistas creditam a proximidade à crença do presidente francês no pragmatismo.
Pela tática, Macron tem sido apelidado de "encantador de Trump". Em vez de brigar em público, os presidentes jantaram na Torre Eiffel. Nos EUA, Macron jantaria com Trump em Mount Vermon, a residência do primeiro presidente americano, George Washington, nas cercanias da capital.
A visita de três dias também vai incluir uma passagem pelo Salão Oval da Casa Branca e um discurso ao Congresso –em inglês, como fez o ex-presidente Valéry Giscard d'Estaing em 1976. Macron será acompanhado aos EUA pelos ministros Jean-Yves Le Drian (Relações Exteriores), Florence Parly (Forças Armadas) e Bruno Le Maire (Economia).
Enquanto se projeta no exterior, uma das estratégias que tem alimentado sua popularidade entre os franceses, Macron enfrenta crises internas.
Uma delas é a greve de ferroviários, emulando aquela que, em 1995, paralisou Paris e levou à renúncia do então premiê conservador Alain Juppé, prevista para durar 90 dias.
Macron propõe uma série de reformas no país, inclusive na educação, previdência e lei trabalhista, parte das quais sob a forma de decretos ou aceleradas pela maioria parlamentar governista, o que desagrada parte da população e atrai a ira dos sindicatos, poderosos no país. Com informações da Folhapress.