Merkel diz que saída dos EUA de acordo com Irã compromete ordem mundial
Chanceler criticou ação de Donald Trump
© Hannibal Hanschke/Reuters
Mundo Alemanha
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse, nesta sexta-feira (11), que a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã enfraquece a confiança na ordem mundial, durante discurso proferido na cidade alemã de Munster. Merkel reconheceu que o acordo "é tudo menos ideal" e que existem outros motivos de preocupação com o Irã, mas lembrou que envolveu 12 anos de trabalho.
"Acho que não é correto cancelar unilateralmente um acordo que foi aprovado multilateralmente no Conselho de Segurança da ONU. Isso diminui a confiança na ordem internacional", salientou Merkel.
Referindo-se igualmente ao abandono dos norte-americanos do acordo de Paris sobre alterações climáticas, acrescentou: "Se fizermos sempre isso, se não gostarmos das coisas e não conseguirmos atingir uma nova ordem mundial, todos farão aquilo que quiserem e isso é uma má notícia para o mundo".
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Também o presidente russo, Vladimir Putin se mostrou favorável à manutenção do acordo, nesta sexta, durante numa conversa telefónica com a chanceler alemã. Os dirigentes "sublinharam a importância de manter o plano de ação conjunto [do acordo iraniano] para a segurança internacional e regional", indicou o Kremlin, em comunicado, uma semana antes da visita de Merkel à Rússia.
Também nesta sexta-feira, o ministro francês das Finanças, Bruno le Maire disse que os países europeus deviam pressionar a administração Trump em vez de agirem como "vassalos" dos Estados Unidos e que a Europa não deveria aceitar os Estados Unidos como "polícia econômica do mundo".
Le Maire quer que as empresas europeias possam continuar a manter trocas comerciais com o Irão apesar do presidente Donald Trump ter decidido repor as sanções. O presidente norte-americano anunciou, na semana passada, a saída dos Estados Unidos do acordo concluído, em 2015, entre o Irã e o Grupo 5+1, constituído pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Rússia, China, França e Reino Unido - mais a Alemanha.
Trump disse que o acordo nuclear não era suficientemente duro com o Irã, mas os países europeus dizem que a decisão do presidente norte-americano vai aumentar o risco de conflito na região. O acordo nuclear permitiu o levantamento gradual das sanções econômicas e financeiras internacionais ao Irã em troca do compromisso de Teerã de limitar o programa nuclear a fins civis.