Crise imigratória gera tensão entre Itália e França
Países se acusaram, anularam visitas e chamaram embaixadores
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Mundo Briga
A Itália e a França vivem um momento de tensão diplomática devido à crise imigratória no Mar Mediterrâneo. Roma considerou "inaceitáveis" as críticas de Emmanuel Macron à decisão da Itália de proibir que um navio com 629 imigrantes desembarcasse no país.
Em resposta, Roma convocou o embaixador francês para consultas, Christian Masset, e o ministro da Economia da Itália, Giovanni Tria, anulou um encontro em Paris, agendado para hoje, com seu homólogo Bruno Le Maire.
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De acordo com o novo ministro italiano das Relações Exteriores, Enzo Moavero Milanesi, as acusações francesas "comprometem as relações" bilaterais, além de serem "tons inaceitáveis".
No último fim de semana, o novo governo italiano, liderado pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte, impediu que um barco com mais de 600 imigrantes atracasse na Itália. Depois de ficar horas à deriva, a embarcação, chamada "Aquarius", recebeu o apoio da Espanha e deixará os imigrantes em Valência. Mas o governo francês acusou Roma de "cinismo e irresponsabilidade" por se negar a receber os imigrantes.
A Itália, há anos, recebe milhares de estrangeiros em embarcações que cruzam o Mar Mediterrâneo, mas o novo governo, formado pelos nacionalista partido Liga Norte e pelo antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), adota uma política mais dura em relação à crise imigratória. O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, disse que seu país "não tem nada a aprender com ninguém sobre solidariedade".
Ironizando, Salvini pediu para a França passar "das palavras aos atos", para demonstrar sua "generosidade" e acolher mais de nove mil imigrantes.
"Nossa história não merece ser apostrofada por expoentes do governo francês, os quais espero que nos peçam desculpas", disse Salvini, em um discurso no Senado. "Não quero que crianças entrem em um barco e morram no Mediterrâneo porque alguém iludiu-os que na Itália tem trabalho e casa para todos. Estou farto", afirmou.
"Agradeço a Espanha, de bom coração, e o presidente Sanchez. Espero que sua generosidade também nas próximas semanas, caso seja possível", pediu Salvini, ressaltando que a Itália acolhe mais de 170 mil imigrantes, e a Espanha, 16 mil.
Diante da tensão, a França tentou hoje amenizar a crise. Um porta-voz de Macron destacou que o governo "é perfeitamente consciente da carga de pressão imigratória que a Itália sofre, apesar de todos seus esforços".
"Nenhuma das palavras pronunciadas pelas autoridades francesas colocou em discussão tudo isso, nem a necessidade de coordenarmos de maneira estreita a crise entre os europeus", afirmou o governo de Paris.
Até o momento, a reunião agendada para sexta-feira (15) entre Giuseppe Conte e Emmanuel Macron, na capital francesa, está confirmada. O encontro tinha sido marcado em vista do Conselho Europeu de junho.
A Alemanha, por sua vez, demonstrou apoio à Itália. "Devido à sua posição geográfica, a Itália fica particularmente exposta a um número grande de refugiados e de imigrantes. Nós acreditamos que nenhum país pode ser deixado sozinho com essa missão. Por isso, apoiamos a Itália e ressaltamos a importância de uma parceria na busca por uma solução europeia", comentou o porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert. Com informações da Ansa.