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Itália tem 10 mil pontes com manutenção vencida

Falta de manutenção chega a superar 50 anos, disse especialista

Itália tem 10 mil pontes com manutenção vencida
Notícias ao Minuto Brasil

13:49 - 17/08/18 por ANSA

Mundo Preocupação

O trágico desabamento da Ponte Morandi, em Gênova, que deixou 38 mortos e 15 feridos na última terça-feira (14), levantou dúvidas sobre a capacidade estrutural de outras milhares de obras pela Itália.

O diretor do Instituto de Tecnologias de Construção do Conselho Nacional de Pesquisas (CNR, na sigla em italiano), Antonio Occhiuzzi, disse à ANSA que o país contabiliza cerca de 10 mil pontes com falta de manutenção há mais de meio século. "Na Itália, as pontes 'vencidas' e para revisão beiram 10 mil".

Segundo ele, é preciso fazer uma análise sobre o risco de desabamento dessas pontes, levando em conta elementos básicos, como o volume de tráfego e a data da última manutenção.

"Infelizmente, a norma que regula as novas construções e realiza a segurança estrutural é de 2008", disse Occhiuzi.

Assustados com as imagens e vídeos do desmoronamento da Ponte Morandi, com 30 carros desabando de uma altura de 45 metros, internautas italianos começaram a postar fotos na web para pedir informações sobre pontes em suas cidades.

"Isso é seguro?", um internauta escreveu na legenda de uma foto, que mostra pilastras degradadas de uma ponte por onde passam carros e caminhões.

Raiva, denúncia e medo são o sentimentos mais presentes nas redes sociais italianas depois do desastre em Gênova.

"Atenção! Denunciem todas as pontes e infraestruturas em mau estado ou que apresentem falhas. Compartilhem esse vídeo e marquem Danilo Toninelli", diz uma publicação no Facebook, que mostra um vídeo em que partes de cimento são removidas facilmente com golpes de bastão. Danilo Toninelli é ministro de Infraestrutura e Transporte da Itália.

"Mas os controles serão feitos?" comentou um usuário, enquanto outros elencam pontos da própria cidade onde juram que não passarão caso a revisão de segurança não seja realizada.

Em Chieti, a repercussão já começou a dar resultados. O dirigente Carlo Christini ordenou que os funcionários do setor de obras públicas retornem das férias de verão para cumprirem uma ordem de inspecionar todas as pontes da província, que somam 50.

A tragédia chocou tanto a Itália e o mundo que o debate sobre manutenção de pontes e viadutos ultrapassou as fronteiras e repercutiu também em outros países.

No Brasil, a imprensa relevou que o grupo italiano Atlantia, que tem a concessão do viaduto de Morandi, administra estradas também no país. A empresa, junto com o grupo Bertin, integra a joint venture AB Concessões S/A. Juntas, são responsáveis pelas concessionárias Triângulo do Sol, Rodovia das Colinas e Rodovias do Tietê, em São Paulo, e a Nascentes das Gerais, em Minas Gerais.

A Venezuela, por sua vez, tem uma "ponte gêmea" àquela de Gênova, desenhada pelo mesmo engenheiro, o italiano Riccardo Morandi. A estrutura também foi alvo de uma tragédia em 1962, quando um petroleiro se chocou contra duas pilastras da ponte, derrubando cerca de 200 metros de estrutura.

"Trezentas toneladas de concreto caíram no navio, a iluminação da ponte foi cortada no buraco aberto, e os veículos que não podiam parar caíram na água", contou o historiador Jesus Semprun ao jornal "Panorama". (ANSA)

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