EUA são uma nação de ideais, não de sangue e terra, diz McCain em carta
O texto foi divulgado nesta segunda (27) por Rick Davis, porta-voz da família e ex-gerente de campanha do republicano
© Jonathan Ernst/Reuters
Mundo Despedida
Em uma carta de despedida, o senador e herói de guerra John McCain afirmou que a grandeza dos Estados Unidos é enfraquecida quando se confunde "patriotismo com rivalidades tribais", e pediu que os americanos não se desesperem com as "dificuldades atuais".
O texto foi divulgado nesta segunda (27) por Rick Davis, porta-voz da família e ex-gerente de campanha do republicano. O senador morreu no último sábado (25) em decorrência de um câncer no cérebro.
"Nós enfraquecemos a nossa grandeza quando confundimos patriotismo com rivalidades tribais que semearam ressentimento, ódio e violência em todos os cantos do globo", escreveu.
"Nós enfraquecemos isso quando nos escondemos atrás de muros, em vez de derrubá-los, e quando duvidamos do poder dos nossos ideais, em vez de confiar neles para ser a grande força de mudança que sempre foram."
McCain disse que os americanos são cidadãos "da maior república do mundo, uma nação de ideais, não de sangue e terra", uma referência ao slogan nazista incorporado por movimentos racistas nos Estados Unidos.
Se os compatriotas se lembrarem de que têm muito mais coisas em comum do que divergências, e de que todos amam o país, disse ele, conseguirão atravessar "esses tempos difíceis" e sairão "mais fortes do que antes".
"Não se desesperem com nossas dificuldades atuais, mas acreditem sempre na grandeza da América", afirmou. "Os americanos nunca desistem. Nós nunca nos rendemos. Nós nunca nos escondemos da história. Nós fazemos história."
McCain também disse se sentir a pessoa mais sortuda do mundo. "Eu amei a minha vida, toda ela. Tive experiências, aventuras e amizades suficientes para dez vidas satisfatórias, e sou muito grato por isso."
Para ele, "estar conectado com as causas da América de liberdade, justiça igualitária e respeito pela dignidade dos outros" lhe trouxe uma felicidade "sublime".
"Eu tentei servir ao país com honra. Cometi erros, mas eu espero que meu amor pela América tenha um peso maior em relação a eles", escreveu. "Adeus, companheiros americanos. Deus os abençoe, Deus abençoe a América."
+ Bandeira é erguida na Casa Branca antes do enterro de McCain
A semana será de homenagens ao senador. Na quarta (29), será velado na Assembleia Legislativa do Arizona, estado pelo qual exerceu seis mandatos no Senado.
Dois dias depois, haverá uma homenagem no Capitólio, onde seu corpo será velado com honras de Estado na Rotunda do Congresso americano, homenagem que até hoje apenas outras 29 pessoas tiveram na história.
O último a receber esse tipo de celebração foi o senador democrata pelo Havaí Daniel Inouye, morto em 2012 -em fevereiro de 2018, o corpo do pastor Billy Graham também foi exibido no local, mas ele não recebeu honras de Estado.
O funeral será no domingo (2), na Academia Naval em Annapolis, Maryland, onde se formou em 1958.
O presidente Donald Trump anunciou também nesta segunda que a bandeira ficará a meio-mastro até o enterro do senador -os dois eram adversários internos dentro do Partido Republicano e McCain expressou que o presidente não seria bem-vindo em seu funeral.
Por isso, Trump tinha sido criticado por sua resposta a morte do senador, considerada muito fria. Com informações da Folhapress.